Editorial
09/10/2025Projeções positivas para a hotelaria em 2026
Embora persistam desafios, o turismo e a hotelaria vivem um momento favorável, que reforça a confiança dos empresários em investir e ampliar contratações

Por Guilherme Dietze*
A economia brasileira apresenta sinais evidentes de desaceleração, como demonstra o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, que registrou queda de 0,5% em julho, a terceira retração consecutiva. O comércio também mostra desempenho mais modesto, influenciado pelo encarecimento do crédito, uma vez que muitas famílias dependem desse recurso para complementar sua renda mensal.
Entretanto, ao observar o setor de turismo, percebe-se um descolamento dessa realidade, com indicadores bastante favoráveis ao longo de 2025. De acordo com levantamento mensal da FecomercioSP, entre janeiro e julho deste ano o setor registrou crescimento de 6,5% em seu faturamento em comparação ao mesmo período de 2024. O segmento de alojamento se destacou, com expansão de 11,6%, totalizando pouco mais de R$ 16 bilhões.
É importante destacar que, embora o turismo represente uma fatia menor da economia em relação ao comércio e à indústria, mesmo em cenários de crescimento econômico mais moderado, ainda existe uma parcela expressiva de famílias com capacidade de consumo suficiente para sustentar boas taxas de ocupação nos estabelecimentos turísticos.
Na aviação, por exemplo, têm sido registrados sucessivos recordes de movimentação de passageiros, impulsionados tanto pela expansão da malha aérea nacional quanto pela redução média das tarifas praticadas. Esse aumento no fluxo de viajantes nos aeroportos contribui diretamente para a maior demanda nos meios de hospedagem em todo o país.
Outro aspecto relevante é que a economia não caminha para uma recessão, o que seria muito mais prejudicial a todos os setores. O cenário atual é de crescimento em ritmo menos intenso, o que mantém, entre outros fatores, os gastos corporativos com viagens — segmento fundamental para a dinâmica do turismo nacional.
Além disso, é oportuno ressaltar que 2026 será um ano eleitoral. Historicamente, no Brasil, esse período tende a ser acompanhado por um aumento expressivo nos gastos públicos, o que deve sustentar a expansão econômica e beneficiar, em especial, o turismo.
Nesse contexto, a FecomercioSP, por meio de seu modelo estatístico de projeções, elaborou estimativas para o crescimento do turismo e da hotelaria em 2025 e 2026. Os resultados são positivos: para o turismo nacional, a expectativa é de alta de 5,5% neste ano e de 4,8% no próximo, consolidando recordes históricos e sucessivos de faturamento, com possibilidade de chegar a R$ 235 bilhões no próximo ano.
No segmento de alojamento, a projeção é de crescimento de 8,7% em 2025, resultado ainda mais expressivo considerando que 2024 já havia registrado expansão de 7,7%. Para 2026, a previsão é de alta mais moderada, de 3,7%, alcançando um faturamento total de R$ 28,5 bilhões — o maior desde 2015, já descontada a inflação do período.
A demanda aquecida pode ser observada nas taxas de ocupação e na possibilidade de reajuste da tarifa média em mais de 10%, movimento que se consolidou ao longo deste ano. Mesmo com a taxa básica de juros em 15% ao ano, há investimentos relevantes em várias regiões do país no setor de hospedagem, ampliando a oferta de serviços e potencializando o faturamento.
Embora persistam desafios, como a Reforma Tributária e o fim do PERSE, o turismo e a hotelaria vivem um momento favorável, que reforça a confiança dos empresários em investir e ampliar contratações. Ajustes de rota são naturais no ambiente econômico brasileiro, mas, neste caso, o mais importante é que a trajetória aponta para um destino positivo.
* Guilherme Dietze é economista e Presidente do Conselho de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Artigo originalmente publicado no portal Hotelier News em 29 de setembro de 2025.