Economia
10/09/2015Queda de grau de investimentos é uma grande derrota para o País
Com a perda do grau de investimentos, alguns fundos de pensão serão obrigados a sacar seus recursos do país e realocar fora do Brasil
A perda do grau de investimentos anunciada pela S&P, uma das mais importantes agências de rating do mundo, na quarta-feira, não pode ser considerada exatamente uma surpresa. Era inevitável. Apesar dos esforços das autoridades econômicas nos últimos dias para que o país mantivesse a nota de risco dentro do chamado grau de investimento, o País se vê obrigado a encarar mais essa derrota.
A redução da meta do superávit primário, os desentendimentos acerca do orçamento de 2016, somados ao evidente desconforto do ministro Joaquim Levy após o envio de uma proposta de déficit de R$ 30 bilhões para o próximo ano, evidenciaram a realizar o ajuste fiscal e aceleraram, assim, o processo de desconfiança.
Não só os investidores perceberam ao longo deste ano que o país está sendo incapaz de fazer um ajuste fiscal relevante, mas também tem ficado evidente que não há consenso nem mesmo dentro do governo sobre o tema. Afinal, intenções são anunciadas de forma desarticulada, gerando ainda mais instabilidade política. Também não há respaldo político para aprovação de medidas de ajuste fiscal, o que na prática inviabiliza qualquer ajuste neste momento.
Para a FecomercioSP, é lamentável que tenhamos mais essa perda em um cenário de crise econômica sem previsões de melhora. Esse anúncio só atesta mais uma vez o quanto o mercado internacional começa a duvidar da capacidade do País de retomar o rumo do crescimento e o equilíbrio fiscal.
De fato a situação é cada vez mais crítica e já passou da hora de as lideranças costurarem um grande pacto, algo parecido com o Plano Real, para tentar reverter o quadro. A FecomercioSP volta a insistir que o desequilíbrio das contas públicas é estrutural e que é preciso repensar o papel do Estado brasileiro.
As reações da sociedade diante de cada nova sinalização de aumento de impostos deixa evidente que a carga tributária chegou ao seu limite, de forma que o quadro só vai começar a mudar quando o Governo reconhecer os equívocos passados, aceitar que o Estado ficou grande demais e começar a articular com as principais lideranças do País um plano de longo prazo que envolva redução dos gastos e aumento da eficiência do setor público.
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