Negócios
27/06/2016Saída do Reino Unido da União Europeia gera oportunidades para comércio com outros países
Para FecomercioSP, busca por novos acordos e parceiros comerciais possibilita às empresas brasileiras firmarem negócios com o Estado britânico
Economia britânica já perdeu 200 bilhões de libras, o que corresponde a 24 anos de contribuições britânicas para o orçamento da União Europeia
(Arte/TUTU)
O referendo realizado pelos britânicos na semana passada, que teve como resultado a decisão pela saída do Reino Unido da União Europeia (UE), já produziu e continua gerando diversos efeitos na economia e na política mundiais.
Para o Global Managing Partner da True Bridge Consultancy, Bernardo Ivo Cruz, consultor da Fecomercio Internacional, a mudança irá imputar na organização do bloco europeu e, de forma ainda mais acentuada, na presença do Estado britânico no mercado mundial. “O Reino Unido terá que refazer a sua rede de acordos comerciais pelo mundo todo e estará buscando novo parceiros comerciais com quem trabalhar”, diz.
Para as empresas brasileiras aproveitarem a possibilidade de vender e comprar em terras britânicas, o País deverá procurar estabelecer o mais cedo possível uma plataforma de entendimento com o Reino Unido. Isso porque o Brasil está muito afastado dos grandes centros de comércio mundial.
“O Reino Unido é um mercado muito maduro, rico e concorrencial, o que poderá obrigar as empresas brasileiras a se prepararem para competir no mercado mundial de forma mais profissional e aberta”, ressalta Cruz.
Reflexos políticos
Entre os efeitos políticos que a decisão já gerou estão a movimentação de países membros do Estado britânico. A Escócia, por exemplo, já pretende iniciar conversas imediatas com as instituições da UE a fim de encontrar um mecanismo para ficar no bloco. Se não conseguir, o país, cuja maioria votou pela permanência, avança para o referendo sobre a independência antes da saída formal do Reino Unido.
Também com maioria que votou a favor da manutenção dos britânicos no bloco, a Irlanda do Norte pergunta como acordos de Paz entre as Comunidades Católica e Protestante podem continuar a ser implementados fora da União Europeia.
Já o primeiro ministro do País de Gales (país cuja maior parte da população votou pela saída), Carwyn Jones, demanda que o orçamento do Reino Unido substitua integralmente os fundos recebidos pelos galeses da EU.
Na Inglaterra
O presidente da Câmara de Londres, Sadiq Khan, exige participar das negociações do Brexit para defender os interesses dos 10 milhões de londrinos – que votaram a favor da permanência na UE.
Uma petição pedindo um segundo referendo juntou mais de 3.7 milhão de assinaturas.
O primeiro ministro britânico, David Cameron, renunciou ao cargo e será substituído antes do Congresso do Partido Conservador, ao qual pertence, em outubro.
Nigel Farage (líder do United Kingdom Independence Party, que pedia a saída do bloco europeu) e Ian Duncan Smith, antigo Ministro da Segurança Social do Governo de Londres, reconhecem publicamente que a promessa de transferir a contribuição britânica da União Europeia para o Serviço Nacional de Saúde não irá acontecer.
Economia
A Morgan Stanley, empresa global de serviços financeiros, vai realocar 2 mil funcionários que estão em solo britânico para Dublin, na Irlanda, e Frankfurt, na Alemanha. Também, o HSBC, um dos principais bancos britânicos, anunciou que poderá realçar mil funcionários para Paris, na França.
O Banco da Inglaterra disponibilizou 250 bilhões de libras para proteger o sistema bancário.
Durante as primeiras 36 horas do Brexit, a economia britânica perdeu 200 bilhões de libras, o que corresponde a 24 anos de contribuições britânicas para o orçamento da União Europeia.
A agência de classificação de risco Moody's colocou o Reino Unido em outlook negativo, ou seja, rebaixou de estável para negativa a perspectiva da nota de crédito do Estado britânico.
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