Economia
05/05/2017“Segurança pública nunca foi prioridade no Brasil”, diz José Beltrame
Ex-secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro diz que estados não têm condições de prover segurança e Governo Federal se omite
José Beltrame diz que segurança pública não ganha voto no Brasil
(Tutu)
Um país que chega a registrar 60 mil homicídios por ano claramente não faz da segurança pública sua prioridade. É o que diz José Beltrame, ex-secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro.
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Em entrevista ao UM BRASIL, Beltrame diz que segurança pública não ganha voto e, por isso, não é tratada como prioridade pelos políticos no País.
“Particularmente, entendo que esse tema não é prioridade para o Brasil. Se fosse, nós não atingiríamos uma cifra absurda de 60 mil pessoas assassinadas [em um ano]”, afirma. “O governo federal diz que, constitucionalmente, isso não é dele. Os estados notadamente não têm condições financeiras, hoje, de prover, até me arriscaria dizer, nem segurança pública, mas os demais serviços em função da crise financeira. Acho que, historicamente, nunca foi a prioridade”, completa.
De acordo com ele, o problema da segurança pública no País é bastante visto apenas em relação à atuação da polícia, negligenciando outros fatores, como educação, renda, saneamento básico, prosperidade econômica.
“Política pública tem que ter retaguarda. Temos que ver que segurança pública não é igual à polícia. A polícia é o elo de uma corrente chamada segurança pública, ela faz um pedaço. É como a política de saúde: se você atuar mais na prevenção, terá menos pessoas nos hospitais”, explica Beltrame.
Segundo o ex-secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, há uma distância entre a polícia e a sociedade brasileira e esse afastamento é resquício da ditadura militar.
“As polícias foram muito usadas, misturadas e se entrelaçaram com a ditadura militar. Tínhamos militares praticando uma série de barbáries e junto com eles tinha um sargento da PM, um investigador, policiais que fizeram parte desse processo autoritário. Quando as forças armadas saíram desse processo no início dos anos 1980, a polícia ficou como uma referência ruim. O exército se retirou, mas a polícia continuou lá”, diz Beltrame.
A entrevista faz parte da série “Diálogos que Conectam”, realizada pelo UM BRASIL em parceria com a Brazil Conference – evento realizado anualmente por alunos brasileiros da Harvard University e do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos.
Confira na íntegra abaixo:
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