Sustentabilidade
02/04/2018Serviço de entregas de bicicleta ganha espaço em metrópoles como São Paulo
Empresa Courrieros chega a atender mais de dois mil pedidos diários
Cliente que opta por empresas que operam com bicicletas colaboram com a melhora da qualidade do ar e do trânsito
(Arte: TUTU)
A cada ano que passa, as bicicletas ganham espaço além do lazer. Metrópoles como São Paulo viram que as famosas “magrelas” são uma alternativa de meio de transporte para fugir do trânsito das grandes cidades. É justamente seguindo esse raciocínio que elas passam a ganhar outras utilidades, mas agora na área dos negócios.
A assessora técnica do Conselho de Sustentabilidade da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Cristiane Cortez, destaca que esse tipo de empreendedorismo é recente e ainda depende de uma mudança de mentalidade do empresariado.
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“Acredito que esse tipo de serviço venha para ficar porque, dependendo do horário e do dia, locomover-se de bicicleta é mais rápido do que com uma moto. Mas os empresários precisam enxergar isso como uma opção válida de negócio, mais barata que outros modais e eficiente da mesma forma”, detalha.
Nessa linha, a empresa de entregas Courrieros foi criada em 2012 por dois amigos que tiveram a ideia de fazer entregas com bicicleta. O modelo visto nos Estados Unidos chamou a atenção de um dos sócios, Victor Castello Branco, que na época trabalhava no mercado financeiro. Impressionado com o serviço, decidiu chamar o estudante de Direito André Biselli para montar uma empresa.
O planejamento levou quase um ano, e a Courrieros foi aberta com pouco capital. “A gente comprou quatro bicicletas e alugou um espaço para três meses. Era o que dava para fazer”, lembra Castello. Na época, quase não havia ciclovia em São Paulo.
O primeiro funcionário foi contratado na metade do primeiro mês de funcionamento da empresa, que até então contava fisicamente apenas com o sócio. O crescente número de pedidos fez com que o outro sócio saísse do escritório em que trabalhava para se dedicar exclusivamente à companhia.
No início da operação, a Courrieros fazia entrega de documentos, mas, depois de uma reestruturação, eles passaram a atuar de forma mais enfática como uma transportadora em vez de uma empresa de “motoboy” de bicicleta. A mudança se deu após os sócios perceberem que o mercado de documentos é pulverizado e com grande concorrência.
Atualmente, a rotina dos 60 ciclistas profissionais é ir até um centro de distribuição de algum grande varejista e pegar os produtos a serem distribuídos. Nesse viés de varejo, analisa Branco, é mais difícil a presença dos motoboys, pois o setor exige mais qualidade e segurança no serviço prestado.
A entrega delivery é outro ramo que atraiu a Courrieros. O raio de atendimento dos restaurantes é normalmente pequeno, e uma bicicleta tem capacidade de realizar esses circuitos de maneira ágil. Além disso, em comparação com as motos, as bicicletas não precisam de vaga para estacionar e podem, em algumas áreas da cidade, fazer o trajeto por ciclovias.
A adaptação do público e os quase seis anos no mercado são suficientes para que a companhia expanda a atuação. Presente na capital paulista e no Rio de Janeiro, a empresa, que hoje atende em média 2 mil pedidos por dia somente para o varejo eletrônico, vai abrir no primeiro semestre deste ano uma franquia-piloto em Indaiatuba, no interior de São Paulo.
Branco afirma que manter o foco escolhido é o que fez a empresa sobreviver aos altos e baixos. “Acreditamos que a bicicleta é o meio mais eficiente para fazer transporte de pequenas cargas”, diz.
A assessora técnica da FecomercioSP entende que o cliente que opta por empresas que operam com bicicletas colaboram com as melhoras da qualidade do ar e do trânsito, dois grandes atuais problemas das cidades.
“São várias atitudes pequenas de milhares de pessoas de uma cidade que fazem a diferença no final. Em um local como São Paulo, movido a comércio e serviços, esse tipo de entrega é inovadora e necessária”, conclui Cristiane Cortez.
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