Economia
13/06/2016Setor de serviços paulistano sofre retração de 3,4% no 1º trimestre de 2016, aponta FecomercioSP
Segundo pesquisa da Entidade, faturamento real do segmento atingiu R$ 19,1 bilhões em março, cerca de R$ 388 milhões inferior ao registrado no mesmo período de 2015
Setor continua sendo atingido pela crise, uma vez que depende das variáveis de crédito, juros, emprego e renda, decisivos para a demanda por serviços
(Arte/TUTU)
Em março, o faturamento real do setor de serviços na cidade de São Paulo encolheu 1,7% na comparação com o mesmo mês do ano passado, não passando de R$ 19,1 bilhões, cerca de R$ 338 milhões a menos do que o alcançado no mesmo período de 2015. Em relação ao acumulado dos últimos 12 meses, em que o recuo foi de 3%, a retração do setor no primeiro trimestre de 2016 se mostra ainda mais acentuada: o encolhimento chegou a 3,4%.
Os dados são da Pesquisa Conjuntural do Setor de Serviços (PCSS), que traz o primeiro indicador mensal de serviços em âmbito municipal, elaborado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) com base nos dados de arrecadação do Imposto sobre Serviços (ISS) do município de São Paulo, fornecidos pela Secretaria Municipal de Finanças e Desenvolvimento Econômico. O município de São Paulo tem grande relevância nos resultados estaduais e nacionais do setor de serviços, representando aproximadamente 20% da receita total gerada no País.
Das 13 atividades que compõem a pesquisa, nove apresentaram queda de receita em março no comparativo com o mesmo período de 2015. As maiores retrações foram vistas nas atividades de representação (-28,5%); construção civil (-22,9%); técnico científico (-15,4%); mercadologia e comunicação (-9,7%); e jurídicos, econômicos, técnico-administrativos (-5,9%). Todas essas áreas, juntas, impactaram negativamente o resultado geral em 4,4 pontos porcentuais (p.p.). O pior segmento continua sendo construção civil, que contribuiu com -1,1 p.p. para o resultado geral dos serviços.
Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, o setor continua sendo fortemente atingido pela crise econômica, uma vez que depende das variáveis de crédito, juros, emprego e renda, decisivos para a demanda por esse tipo de serviço. O câmbio e a inflação também influenciam diretamente os custos dos serviços prestados. As instabilidades geradas contaminam a confiança dos consumidores e dos empresários, que adiam a contratação de eventuais projetos de investimento em construção ou reforma.
Em contrapartida, as atividades de saúde (29,8%); turismo, hospedagem, eventos e assemelhados (21,9%); serviços bancários, financeiros e securitários (2,3%); e educação (0,1%) foram as que mais cresceram em março e totalizaram uma contribuição de 3,1 p.p. para o resultado geral do setor de serviços paulistanos.
Para os economistas da Federação, o crescimento do faturamento real do setor de saúde continua motivado pela alta nos preços, ocasionada pela crise econômica. Com a inflação e o dólar elevados, os custos de muitas das atividades que dependem de matéria-prima importada acabam sendo impactados de forma negativa e são repassados ao consumidor final. Por se tratarem de serviços de primeira necessidade, a alta dos preços não conseguiu inibir a demanda na mesma proporção, de forma que se observa um crescimento do faturamento mesmo diante de preços mais altos.
Expectativa
A Entidade afirma que o desempenho negativo em março para o setor de serviços já era esperado, uma vez que muitos dos indicadores econômicos determinantes para o consumo (desemprego em alta, queda do salário médio real, elevado nível de endividamento das famílias, inflação e dólar altos) ainda continuam desfavoráveis. Além disso, muitos prestadores de serviços (pessoas físicas e jurídicas) estão encerrando as atividades por não encontrarem um ambiente econômico e político propício para sua manutenção. Ainda segundo a Federação, diante da retração da atividade econômica e da falta de perspectiva de retomada, muitas empresas cortam ou adiam a contratação de determinados tipos de serviços, o que acaba por afetar negativamente o desempenho do setor.
Apesar das medidas econômicas que vêm sendo anunciadas pelo Governo, a FecomercioSP aponta que ainda não há perspectivas de recuperação da economia no curto prazo, uma vez que, com o aprofundamento da crise, os ajustes devem demorar a surtir algum efeito positivo nos indicadores em geral. Por outro lado, a confiança dos agentes econômicos pode ser restabelecida de forma gradual, e, com ela, o consumo e os investimentos.
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