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Negócios

Setor turístico busca novas estratégias para reter talentos e atrair jovens profissionais

Na reunião de agosto do Conselho de Turismo da FecomercioSP, especialista destacou práticas inovadoras de gestão de pessoas e os desafios de imagem da área junto às novas gerações

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Setor turístico busca novas estratégias para reter talentos e atrair jovens profissionais
A FecomercioSP segue comprometida com o fortalecimento do setor, promovendo encontros para ampliar o diálogo entre empresas, instituições de ensino e lideranças

O turismo brasileiro enfrenta um dilema silencioso, mas estratégico — como tornar o setor mais atrativo para novos profissionais e, ao mesmo tempo, reter talentos em um ambiente cada vez mais competitivo e instável? Essa foi a provocação central da reunião de agosto do Conselho de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), presidido por Guilherme Dietze, que contou com a participação especial de Juliana Aranega, especialista em gestão de pessoas, membro do Conselho de Turismo da Federação, diretora da Eco Eventos e vice-presidente da MPI Brasil.

Em sua apresentação, Juliana compartilhou dados, experiências e reflexões sobre o tema “Mudanças em movimento: turismo, liderança e retenção de talentos”. Segundo a conselheira, o problema começa ainda na formação dos profissionais. “Deixou de ser uma profissão de desejo. Os cursos técnicos e superiores de Turismo foram extintos em muitos lugares por falta de demanda. O setor sequer aparece no radar dos jovens do Ensino Médio como uma opção de carreira”, afirmou.

Desafios na base

A crise de atração, de acordo com Juliana, está relacionada à imagem que o setor projeta para o mercado. “É preciso promover o Turismo como uma área rica em possibilidades, e não apenas como sinônimo de carga horária exaustiva e de baixa remuneração. Temos contato com pessoas do mundo todo, oportunidades de viajar e trabalhar em ambientes diversos — isso precisa ser valorizado”, ressaltou.

A conselheira também destacou a importância de políticas de employer branding (gestão da marca empregadora) e de ações internas que fortaleçam o vínculo entre colaborador e empresa. “Na MCI, criamos squads [equipes multifuncionais] de recursos humanos com representantes de diferentes áreas. O objetivo é descentralizar as decisões e estimular a escuta ativa, gerando pertencimento e engajamento”, explicou.

Outro ponto fundamental apontado foi a mudança de postura das empresas: “A fidelização do talento não deve ser uma cobrança. A empresa precisa ser fiel aos sonhos do colaborador. É como um casamento: a conquista precisa ser diária”, apontou Juliana.

Retenção em foco

Juliana apresentou dados de pesquisas que reforçam a necessidade de rever práticas de gestão. “A rotatividade no Turismo é a maior entre todos os setores, superando até a publicidade, que já tem histórico de alta evasão. E não é apenas o salário que pesa. Benefícios, liderança, plano de carreira e escuta ativa são fatores decisivos para reter talentos”, pontuou.

A conselheira enfatizou, ainda, o impacto de contratações apressadas e onboarding falho. “Às vezes, por pressa, contratamos sem clareza de perfil ou KPIs [indicador-chave de desempenho], o que gera altos custos de reposição e perda de produtividade. O ideal é investir mais tempo na escolha certa e na integração do colaborador”, aconselhou.

Visão coletiva

A apresentação gerou ampla participação dos conselheiros. Gregorio Polaino, diretor executivo do Sindicato das Empresas de Turismo no Estado de São Paulo (Sindetur-SP) e membro do Conselho de Turismo da Federação, destacou o desafio nas pequenas empresas: “Com 90% do setor formado por agências com até cinco funcionários, nem sempre é viável ter RH estruturado. Mas é possível inovar com pequenas ações de capacitação e escuta”, afirmou.

Eladio Paniagua Júnior, presidente do Sindicato da Empresas Locadoras de Veículos Automotores do Estado de São Paulo (Sindloc-SP) e vice-presidente do Conselho de Serviços da Entidade, chamou atenção para a urgência de adequações diante do novo perfil de trabalhador: “Hoje, o colaborador quer mais do que salário. Quer sentido, flexibilidade e reconhecimento. Se não houver adaptação, perdemos mão de obra qualificada para outros setores”, observou.

Ações futuras

A FecomercioSP segue comprometida com o debate e o fortalecimento do setor, promovendo encontros para ampliar o diálogo entre empresas, instituições de ensino e lideranças. “Sabemos que o setor é heterogêneo e as soluções não serão padronizadas. Mas podemos avançar na construção de um ambiente mais humano, inovador e atrativo para quem quer construir uma carreira no Turismo”, concluiu Guilherme Dietze, presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP.

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