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Economia

Tempo, dinheiro e vontade de consumir: por que as empresas não podem mais ignorar os 50+?

Em entrevista ao ‘Mercado & Perspectivas’, especialista analisa os números da economia prateada e as estratégias para se comunicar e se conectar com essa parcela crescente da população

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Tempo, dinheiro e vontade de consumir: por que as empresas não podem mais ignorar os 50+?

Em um contexto em que a população idosa do País caminha para superar a de crianças e jovens nas próximas décadas, a economia prateada — isto é, tudo o que essa parcela 50+ consome — passa a ter um peso considerável para os negócios. “Hoje, há mais festas de 50 anos do que de 15. O País já tem 59 milhões de brasileiros nessa faixa, mais do que toda a população da Argentina, da Itália ou da Espanha. Imagine daqui a 20 anos: 40% da população terá essa idade. Ainda assim, é uma ‘nação’ que segue invisível para muitas empresas”, afirma Adriana de Queiroz, head de Inovação e Insights da Data8, consultoria de referência nesse mercado.

Durante o episódio de julho do mesacast Mercado & Perspectivas, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Adriana ressalta que, só no ano passado, os consumidores dessa faixa etária movimentaram mais de R$ 1,6 trilhão no Brasil — e esse número só cresce. “Se já é assustador R$ 1,6 trilhão, imagine daqui a 20 anos, que serão R$ 3,8 trilhões”, ponderou.

Apesar disso, o mercado ainda subestima esse público. “Além de moradia e saúde, será que os outros setores estão olhando para os 50+ como deveriam? Em uma pesquisa de mercado em Cannes, na França, 70% dos entrevistados que atuam com criatividade afirmaram que nunca receberam um briefing sequer para fazer uma campanha sobre essas pessoas.” O resultado: faltas de representação, de produtos sob medida e de experiências pensadas para quem tem dinheiro, tempo e disposição para consumir.

Segundo Adriana, o primeiro erro é tratar os 50+ como um grupo único. A Data8 identificou seis perfis diferentes. “Olhar o maduro, estudá-lo nas suas diversidades e, só então, desenhar serviços e produtos adequados para ele”, defende. “A educação que se dá em uma faculdade para jovem é totalmente diferente da necessidade de um maduro. Eles aprendem em outro ritmo, têm outras motivações. E querem ser tratados com respeito e inteligência.”

Na tecnologia, o mito de que o 50+ é analógico também já caiu por terra. “Muito se engana quem acha que o maduro não é digitalizado. Mais de 70% deles acessam a internet todos os dias, enquanto mais de 40% compram online. Mas isso não quer dizer que esteja tudo resolvido. Eles precisam estar seguros de que, se sentirem necessidade, podem recorrer a uma pessoa. Eles querem saber que tem alguém olhando por todo aquele processo”, complementa.

Por fim, a líder de Inovação alertou que o Brasil vai envelhecer em 20 anos o que a França envelheceu em 120 — e que isso precisa trazer mudanças ao mercado de trabalho. “Se não nos se prepararmos, não haverá mão de obra, tampouco PIB [Produto Interno Bruto]. O problema começa no recrutamento, no processo de seleção de profissionais que contam com robôs que filtram currículos só pela idade”, alerta. E vai além: é preciso criar ambientes intergeracionais, com modelos de trabalho flexíveis e realistas. “Quem genuinamente olhar para o longevo, estudá-lo e se comunicar abertamente com o público, sairá na frente”, concluiu.

 

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