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Editorial

Tomate, cenoura e combustível pesam no bolso do paulistano em janeiro

De acordo com a FecomercioSP, custo de vida na região metropolitana de São Paulo acumulou alta de 11,28% nos últimos 12 meses

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São Paulo, 24 de fevereiro de 2016 - O custo de vida na região metropolitana de São Paulo apresentou elevação de 0,95% em janeiro, pressionado pelos grupos de Alimentos e bebidas e de Transportes. No acumulado dos últimos 12 meses, a alta foi de 11,28%. Os dados são da pesquisa Custo de Vida por Classe Social (CVCS), medido mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

Os preços do grupo Alimentação e bebidas variaram 1,6% em janeiro, e por ter grande peso no orçamento doméstico, foi o principal responsável pela alta no custo de vida no primeiro mês do ano. No acumulado de 12 meses,  observou-se uma elevação de 12,02%. No mês, os principais aumentos foram vistos em itens como tomate (28,46%), cenoura (24,06%), repolho (22,67%), batata-inglesa (17,15%) e couve (12,35%).

Já o setor de Transportes exerceu a segunda maior alta do mês ao registrar variações de 1,26% em janeiro e de 11,37% no acumulado dos últimos 12 meses.

Dos nove grupos que compõem a CVCS, somente o de Vestuário assinalou decréscimo em janeiro (-0,15%). Entretanto, para a assessoria econômica, esse resultado não indica uma tendência de baixa, apenas reflete a sazonalidade do período de liquidações e queima de estoque.

As classes E e D foram as que mais sentiram a alta do custo de vida e apontaram acréscimos de 1,09% e 1,14%, respectivamente; enquanto nas classes A e B, o aumento foi de 0,71% e 0,84%. Mais uma vez, o resultado transparece que as classes com menores rendimentos foram as que mais sentiram o impacto da alta do custo de vida, já que itens como alimentação e bebidas, transporte e habitação comprometem mais da metade do seu orçamento familiar. 

De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, a concentração de altas em segmentos que comercializam bens essenciais mantém uma evidente corrosão da renda familiar paulistana, que cada vez menos permite despesas com itens que não são de primeira necessidade, como eletroeletrônicos. Com isso, a percepção permaneceu a mesma dos meses anteriores: as principais altas não foram impulsionadas pelas pressões na demanda, mas pelos persistentes aumentos nos custos das cadeias produtivas.

IPV

O Índice de Preços no Varejo (IPV) encerrou o mês de janeiro com alta de 0,92% ante 1,02% em dezembro, o que totalizou uma inflação de 10,74% nos últimos 12 meses. Esses resultados correspondem ao dobro do que foi observado em janeiro de 2015, quando as variações eram de 0,48% ao mês e 4,78% ao ano. A evolução dos preços vem crescendo continuamente desde o início do ano passado e, segundo os assessores econômicos da FecomercioSP, tende a se estabilizar em 2016 em um patamar entre 10% e 12%.

A principal influência veio do aumento de 1,71% no grupo de Alimentos e bebidas, sendo que no acumulado dos últimos 12 meses a alta foi de 12,38%. O segundo maior impacto foi registrado pelo crescimento de 1,02% do grupo de Transportes, influenciado pelo aumento de preços dos combustíveis visto em janeiro. Nos últimos 12 meses, o grupo acumulou alta de 13,53%.

O aumento dos preços do varejo afetou, principalmente, as famílias com rendimentos menores. Na classe E, a variação mensal foi de 1%, e na classe D, de 1,1%. As classes A e B também foram impactadas, ainda que em menor escala, com aumentos de 0,45% e 0,76%, respectivamente.

IPS

O Índice de Preços de Serviços (IPS) registrou alta de 0,99% em janeiro em relação a dezembro. É um resultado favorável se comparado a 1,98% em janeiro de 2015, embora um pouco elevado se contrastado com a média dos anos anteriores para o primeiro mês do ano: 0,59%. Contudo, a variação acumulada nos últimos 12 meses alcançou 11,84%.

Os grupos de Transportes e Alimentação e bebidas foram os que mais contribuíram para o resultado do IPS em janeiro, com alta de 1,67% e 1,44%, respectivamente. Juntos, ambos os grupos respondem por 54% do aumento.

As maiores altas do mês foram observadas nos itens de transporte público e de despesas pessoais: multa (9,15%), excursão (7,84%), ônibus intermunicipal (7,43%), ônibus urbano (5,71%), trem (5,71%), metrô (5,71%), ônibus interestadual (4,63%), conserto de automóvel (4,43%), clube (4,27%) e despachante (3,96%).

As classes E e D foram as que mais sentiram a alta do IPS, com acréscimos de 1,22% e 1,2%, respectivamente. Os consumidores com rendas mais altas (classes A e B) foram os que menos foram impactados pelos acréscimos na oferta de serviços, com 0,91% e 0,94%, respectivamente.

Para fevereiro de 2016, a FecomercioSP estima que o custo de vida das famílias de renda mais elevada deva ser pressionado pelo aumento dos gastos com educação, visto que é um dos únicos meses em que os preços desse setor se elevam. Por outro lado, as famílias de baixa renda devem notar algum alívio no próximo mês, pois a tendência é que ocorra redução nos preços de energia elétrica e habitação.

Metodologia

O Custo de Vida por Classe Social (CVCS), formado pelo Índice de Preços de Serviços (IPS) e pelo Índice de Preços do Varejo (IPV), utiliza informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE e contempla as cinco faixas de renda familiar (A, B, C, D e E) para avaliar os pesos e os efeitos da alta de preços na região metropolitana de São Paulo em 247 itens de consumo. A estrutura de ponderação é fixa e baseada na participação dos itens de consumo obtida pela POF de 2008/2009 para cada grupo de renda e para a média geral. O IPS avalia 66 itens de serviços, e o IPV de 181 produtos de consumo.

As faixas de renda variam de acordo com os ganhos familiares: até R$ 976,58 (E); de R$ 976,59 a R$ 1.464,87 (D); de R$ 1.464,88 a R$ 7.324,33 (C); de R$ 7.324,34 a R$ 12.207,23 (B); e acima de R$ 12.207,24 (A). Esses valores foram atualizados pelo IPCA de janeiro de 2012. Para cada uma das cinco faixas de renda acompanhadas, os indicadores de preços resultam da soma das variações de preço de cada item, ponderadas de acordo com a participação desses produtos e serviços sobre o orçamento familiar.

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