Economia
03/07/2024Transformação digital precisa reconsiderar formação de capital humano
FecomercioSP marca presença no Fórum de Competitividade do MBC para conversar sobre o futuro do trabalho
As ferramentas tecnológicas, especialmente de Inteligência Artificial (IA), ocupam cada vez mais espaço no ambiente empresarial. Nesse contexto, é imprescindível considerar o papel da educação na formação dos trabalhadores, uma vez que a lacuna de qualificação de capital humano e a baixa produtividade são fatos históricos no Brasil.
Esses foram alguns dos aspectos discutidos no Fórum de Competitividade, promovido em Brasília, na última terça-feira (2), pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC) e pela Frente Parlamentar do Brasil Competitivo.
Presente no debate a respeito do futuro do trabalho, o presidente executivo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Ivo Dall’Acqua Júnior, apontou a necessidade de ajustes no foco dos investimentos em Educação para atender às reais demandas do mercado. “Só 11% dos jovens de 15 a 19 anos cursam o ensino profissional no Brasil, segundo a OCDE. Nos países da organização, 44% optam por essa modalidade. Na Alemanha, perto de 60%”, enfatizou, ao refletir acerca da baixa adesão ao ensino técnico profissionalizante.
Rony Vainzof, consultor de proteção de dados da Federação, que também participou do evento, reiterou o posicionamento da FecomercioSP sobre a regulamentação de IA. “A Federação defende que é preciso analisar o nível de regulação, sem impedir ou burocratizar ainda mais a inovação e a transformação digital das empresas. As casas legislativas devem ter ciência que podem impactar essa capacidade inovadora de empresas e do setor público, com consequências negativas para o desenvolvimento tecnológico do País.”
Acompanhe, a seguir, as percepções da Entidade que contribuíram para nortear e fomentar os debates no evento.
Sobre IA, educação e o futuro do trabalho
- Já é ponto pacífico que quem dominar as novas ferramentas tecnológicas, especialmente de IA, ocupará os espaços de maior qualificação e remuneração. A tecnologia abrirá portas a quem souber aplicá-la;
- Os problemas de qualificação de capital humano e baixa produtividade são fatos históricos no Brasil. Uma das causas originárias é o descompasso entre as grades curriculares de ensino e a realidade do mercado. Exemplo disso é a baixa adesão à educação técnica profissionalizante, associada, de forma errônea (e até ignorante), às classes de baixa renda;
- O entrave na educação brasileira não foi falta de investimento, mas de qualidade e destinação desse investimento: a aplicação pública direta passou de 1,4% do Produto Interno bruto (PIB), em 1950, para mais de 5%, na década de 2010. Contudo, foi somente a partir dos anos 1990 que o Brasil se esforçou para universalizar a educação. No passado, a escola pública tinha qualidade, mas, infelizmente, a sua cobertura era para menos de 2% das crianças. Essa universalização tardia foi insuficiente para elevar a produtividade.
A reunião, que teve como foco a construção de propostas e alternativas para o futuro do trabalho no País, contou com as presenças de parlamentares, representantes dos ministérios da Educação e do Empreendedorismo e da Presidência da República, além de integrantes do setor produtivo.
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