Negócios
16/12/2024Varejo precisa repensar embalagens e abraçar causas socioambientais
Cofundador da Dengo Chocolates defende ações para transformar a relação entre os consumidores e o comércio alimentício, durante participação no mesacast ‘Mercado & Perspectivas’
Em um ambiente empresarial no qual a sustentabilidade e a responsabilidade social se tornam cada vez mais importantes, a Dengo Chocolates tem se destacado com um modelo de negócio que prioriza tanto a qualidade do produto e a cadeia produtiva quanto o impacto socioambiental.
Nos últimos anos, a Dengo vem se empenhando em transformar a relação com seus produtores, implementando um sistema de remuneração justa e rastreabilidade total da produção, enfatiza Estevan Sartoreli, cofundador da empresa, ao mesacast Mercado & Perspectivas, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
“Nós criamos a Dengo intencionalmente com o desejo não só de gerar renda decente para os produtores terem melhor qualidade de vida, mas também para mostrar para a categoria que, sim, é possível fazermos o melhor para as pessoas, para os acionistas, para o consumidor e para o planeta”, destaca.
Um dos principais compromissos da empresa é com a redução de pacotes plásticos. Atualmente, 92% dos produtos da companhia são comercializados em embalagens livres do material, enquanto um terço das vendas já ocorre no formato a granel. “O melhor resíduo é aquele que não é gerado, a melhor embalagem é aquela que não existe”, afirma Sartoreli.
Mudança cultural
No episódio, Sartoreli ainda explica a necessidade de uma transformação cultural em torno do consumo e da interação no varejo, como é o caso da distribuição de sacolas nas lojas. “Enquanto em uma loja italiana que visitei a pergunta ao cliente é ‘Você tem uma sacola?’, no Brasil, a abordagem ainda é ‘Você quer uma sacola?’. Essa sutil diferença de linguagem revela um importante contraste na mentalidade de consumo. Eu tenho provocado o varejo sobre como evoluímos coletivamente essa redução de embalagens e desperdício de materiais. Por que nós não temos a sacola do shopping, em vez da sacola de cada marca?”, questiona.
A ideia sugere reduzir significativamente o desperdício de materiais e custos operacionais. No entanto, essa mudança enfrenta resistência de alguns setores do varejo, que ainda consideram a sacola como uma ferramenta de marketing — um “outdoor volante”. “Não é isso que nos fará diferentes ou maiores no contexto de mundo tão desafiador que estamos vivendo, são as nossas causas. O varejo e principalmente nós, como comerciantes, temos de reconhecer isso antes que seja tarde. Quem não admitir que precisa trazer as causas para a sua centralidade demonstrará, cada vez mais, a sua dificuldade de performar”, finaliza.
Assista à entrevista na íntegra e acompanhe todo o bate-papo.