Economia
18/07/2016Zona Cerealista de São Paulo concentra diversidade de produtos e preços baixos
Localizada no centro da cidade, região reúne estabelecimentos que vendem de grãos a vinhos para o pequeno comerciante e também o consumidor final
Comércio da região fica cada vez mais famoso entre os consumidores por ofertar produtos baratos
(Foto: Rubens Chiri/Perspectiva)
Muitos dizem que a Zona Cerealista está para os alimentos saudáveis assim como a Rua 25 de Março está para as bijuterias. O paraíso de grãos, cereais, farinhas, laticínios, óleos, azeites, vinhos e muitos outros produtos está localizado na região central de São Paulo, a 500 metros do Mercado Municipal. São mais de 20 estabelecimentos que atendem tanto ao consumidor final como aos pequenos comerciantes. Apesar dos atrativos, a região é pouco conhecida pela população em geral. “As pessoas conhecem o Mercadão e sua diversidade, mas aqui encontram tudo que tem lá e muito mais, além de ser muito mais barato”, afirma o empresário Dilson Teixeira, há 25 anos na região e proprietário de loja que conta com mais de 900 tipos de produtos.
Essa baixa popularidade pode ser explicada pelo fato de muita gente ainda pensar que ali se encontram apenas os antigos armazéns de batatas, cebolas, alhos, cereais, arroz e feijão oriundos do século 19. Eles ainda povoam a região, porém, cederam espaço para empórios e lojas que vendem produtos naturais, que hoje são responsáveis por mais de 80% do comércio local.
Diversidade
O movimento nas ruas da Zona Cerealista começa por volta das 7h30. Os estabelecimentos que lotam nas primeiras horas do dia são aqueles que oferecem grãos, sementes, cereais, castanhas e outros que ficam expostos em gôndolas e são comercializados por quilo. Os mais vendidos são aqueles que estão “na moda”, como farinhas e ervas que prometem emagrecimento rápido e sucos que desintoxicam o corpo, além de itens indispensáveis na cozinha vegetariana, como soja e outros grãos.
As lojas que vendem itens mais refinados e com opções importadas como vinhos, azeites e queijos, são mais frequentadas no período do almoço e aos fins de semana. A atendente de um desses empórios, Rosineide Maria Ferreira, explica que vende bastante para restaurantes e pessoas que vêm do Mercadão em busca de produtos de qualidade, mas com preços menores. “Eu trabalhei muitos anos no Mercadão, e lá muitos compram produtos da Zona Cerealista para revender mais caro. Uma mercadoria vendida aqui por R$ 50 é comercializada lá por R$ 75”, aponta.
A diversidade da região inclui ainda muitas peculiaridades na aparência dos estabelecimentos e nos próprios comerciantes. Enquanto muitos optam pelo layout de supermercados ou mercearias modernas, com balcão, gôndolas, corredores espaçosos e caixa com pagamento rápido, outros mantêm a aparência clássica, apenas com a exposição dos produtos e com as velhas caixas registradoras.
O local também abriga um peculiar comércio popular, localizado no Largo do Pari, na famosa “Rua do Coco”, onde vários caminhões ficam estacionados à espera de consumidores que compram diretamente de dentro das carrocerias dos veículos. O bom humor dos vendedores de coco remete ao clima de feiras livres, com gritos para atrair a clientela e brincadeiras entre eles.
Alternativa à crise
Em momentos de corte de gastos e alta inflação, os consumidores tendem a refazer as contas das despesas domésticas e a procurar alternativas mais em conta para as compras. Esse é um grande trunfo do comércio da Zona Cerealista, que fica cada vez mais famoso no boca a boca por ofertar produtos baratos. O casal de empresários Renata Moraes Servigni e João Baptista Ramos Júnior “surfa” nessa onda há cinco anos e comemora o crescimento do seu empório, muito em virtude da crise. “Quem tem hábitos saudáveis não vai mudar em decorrência das dificuldades financeiras, vai se adaptar e procurar alternativas mais em conta. E aqui é o lugar certo, por isso, devemos encerrar o ano com crescimento médio de 20%”, aponta Júnior.
Além dos estabelecimentos localizados nas ruas principais da Zona Cerealista, no fim da Rua Santa Rosa está a Central de Abastecimento Pátio Pari (antigo depósito da São Paulo Railway), um anexo do Mercado Municipal e que conta com centenas de comerciantes que vendem frutas, legumes, grãos, ervas e muitos outros produtos – alternativas baratas tanto para a revenda no varejo como para o consumidor final.
O grande galpão é administrado desde 2010 pela Prefeitura de São Paulo, que abriga atualmente a Feira da Madrugada e o Hortifruti, com mais de 4 mil comerciantes cadastrados. A maior parte dos vendedores dali migrou das feiras livres de ruas da região do Parque Dom Pedro, que foram proibidas. Segundo dados da prefeitura, em média, 25 mil pessoas frequentam diariamente o local.
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