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13/02/2017Empresas crescem 40% ao ano com modelo inovador de logística reversa
Companhias investem em ações integradas e destinam recursos a instituições sociais e educacionais
Articulação entre corporações focam a promoção da logística reversa de produtos pós-consumo (Arte TUTU)
Por Deisy de Assis
O engajamento de indústrias, entidades e pessoas físicas na logística reversa de resíduos, além de minimizar o descarte inadequado de produtos pós-consumo, gera crescimento para os negócios. Na Terracycle - empresa americana, que atua no Brasil há oito anos e foi finalista na categoria pequena e média empresa do 3º Prêmio de Sustentabilidade promovido pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) - a expansão alcança 40% e ainda permite doações a instituições sociais e educacionais.
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Trata-se de uma plataforma online na qual pessoas e empresas podem se cadastrar como voluntários em programas de reciclagem, mantidos por fabricantes, que contratam a Terracycle. O modelo trabalhado é o de “lixo patrocinado”, ou seja, é preciso que companhias custeiem os programas.
Atualmente são cinco empresas: Colgate, Faber-Castell, 3M (Scotch-Brite), Avon e L’Occitane. O valor pago por elas mantém os seis programas que estão em vigor, separados por produtos – esponjas, saúde bucal (escovas e tubos de creme dental), instrumentos de escrita (lápis e caneta, por exemplo), embalagens de creme e loções, maquiagens, esmaltes e de perfumes. São recebidos itens tanto das corporações patrocinadoras quanto de outras fabricantes (exceto no programa dos produtos L’Occitane, no qual são aceitas somente as embalagens de cosméticos da marca).
“A previsão é que o crescimento com os programas, de 30% a 40%, se mantenha em 2017”, conta a responsável pela comunicação da Terracycle, Carolina Martins.
Inovação
A dinâmica adotada para a logística reversa pode ser considerada inovadora: as pessoas ou empresas cadastradas encaminham os resíduos via Correios, usando uma caixa de papelão com adesivo impresso por meio da plataforma, sendo que os custos do envio ficam por conta da Terracycle.
No caso do programa da L’Occitane a entrega é feitas diretamente na loja da marca, no Shopping Morumbi, na capital paulista.
Em todos os programas, desde o início das operações da Terracycle no Brasil, aproximadamente 1,2 milhão de voluntários de diversos Estados do País já participaram.
“Essa iniciativa mostra que é possível pensar em diversas maneiras de colocar em prática a logística reversa, além de deixar clara a importância das ações conjuntas entre corporações de diferentes setores”, afirma a assessora técnica do Conselho de Sustentabilidade da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Cristiane Cortez.
Segundo a assessora, a mobilização entre diferentes empresas é uma estratégia interessante para que as companhias cumpram sua obrigação de viabilizar o destino correto aos produtos pós-consumo que fabricam e comercializam, previsto pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, Lei nº 12.305/2010). Sem contar que as iniciativas de responsabilidade socioambiental valorizam a imagem das empresas no mercado.
Cadeia sustentável
De acordo com Carolina, a Terracycle recebe, de todo o Brasil, entre uma e três toneladas de materiais por mês. Os resíduos de saúde bucal e cosméticos são os mais frequentes, representando 70%.
Para cada item recebido, a empresa destina R$ 0,02 a instituições sociais e escolas. Desde que os programas tiveram início no Brasil, mais de R$ 500 mil já foram doados. A maior parte (40%) foi para entidades do Estado de São Paulo.
Depois de receber os resíduos, é feita a reciclagem, que resulta em pellets - pequenos granulados - vendidos para a indústria de plástico, que os utiliza como matéria-prima de produtos como baldes, vasos e regadores.
Óleo que vem da educação
As ações do programa Meio Ambiente nas Escolas têm pontos em comum com os da Terracycle. Mantida a partir da parceria entre o Instituto Auá, a Preserva Reciclagem de Óleo Vegetal e a empresa Cargill (responsável pela marca Liza), a iniciativa acontece em escolas e comunidades de cinco municípios do Estado de São Paulo: Carapicuíba, Cotia, Itapecerica da Serra, Itapevi e Mairinque.
Funciona assim: a Cargill patrocina o trabalho de mobilização de diretores e coordenadores feito por agentes educacionais do Instituto Auá, que vão a 128 colégios públicos das cidades. “Os educadores estimulam a realização de atividades que promovam o protagonismo das escolas e das comunidades para a preservação do meio ambiente, além de propor a instalação de um ponto de coleta de óleo de cozinha usado nas unidades de ensino”, conta o responsável pela iniciativa no instituto, Maurício Santos.
A Preserva, por sua vez, recolhe o resíduo, limpa e o comercializa para a indústria como matéria-prima para a produção de biodiesel. “Para cada litro coletado são destinados R$ 0,40 às associações de pais e mestres (APMs) das escolas”, conta o fundador da Preserva, Leonardo Giardini. Essa verba é utilizada na compra de materiais ou no pagamento de outros custos gerados pelas atividades desenvolvidas com os 49,8 mil alunos envolvidos na iniciativa.
O crescimento dos negócios da Preserva é semelhante ao observado na Terracycle. “Em 2016 houve alta de 40% no faturamento, comparado ao contabilizado em 2015. Atribuímos 10% às ações realizadas por meio da parceria, o que é muito positivo”, afirma Giardini.
Segundo o analista de sustentabilidade da Cargill no Brasil, Fernando Janizello, ao apoiar ao programa, a empresa cumpre a obrigatoriedade da logística reversa de óleo comestível e ainda ajuda a ampliar o alcance da informação sobre os danos que o descarte incorreto provoca no meio ambiente (como a poluição de rios e a consequente morte de espécies de peixes e aves). “A educação ambiental é uma das principais ferramentas para conseguirmos um futuro mais sustentável.”
Cristiane Cortez lembra que, no Estado de São Paulo, a Resolução 45/2015 da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA) estabelece a obrigatoriedade da logística reversa do óleo comestível. Mas, iniciativas como a da parceria entre Cargill, Recicla e Instituto Auá vão além, promovendo a educação ambiental e movimentando a economia e o mercado de trabalho.
Prêmio FecomercioSP de Sustentabilidade
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) lançou a sexta edição do Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade, que acontecerá em março 2018.
A nova edição tem como tema os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Trata-se de uma agenda mundial adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU), com 169 metas a serem atingidas pela humanidade até o ano de 2030. Essas medidas envolvem ações nas áreas de erradicação da pobreza, segurança alimentar, agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero, entre outras.
Serão reconhecidos projetos com foco nos princípios da sustentabilidade. As categorias contempladas são: empresa; indústria; órgão público; academia; reportagem jornalística; e entidades empresariais.
Os finalistas serão anunciados em fevereiro de 2018. Os vencedores receberão títulos de capitalização ou previdência, no valor de R$ 15 mil, e troféu. Os trabalhos classificados em segundo e terceiro lugares também serão reconhecidos. Clique aqui (inserir link para o site do prêmio) e saiba mais.
Veja também:
Destinação adequada de resíduos em supermercados catarinenses chega a 97%
https://www.fecomercio.com.br/noticia/destinacao-adequada-de-residuos-em-supermercados-catarinenses-chega-a-97
Supermercados "verdes" incentivam reciclagem e consumo sem desperdício
https://www.fecomercio.com.br/noticia/supermercados-verdes-incentivam-reciclagem-e-consumo-sem-desperdicio
Vidros quebrados viram peças de ecodesign
https://www.fecomercio.com.br/noticia/vidros-quebrados-viram-pecas-de-ecodesign
Programa educacional reforça a coleta seletiva em São José dos Campos
https://www.fecomercio.com.br/noticia/programa-educacional-reforca-coleta-seletiva-em-sao-jose-dos-campos
Gestão especializada permite negócios para pequenos geradores de resíduos
https://www.fecomercio.com.br/noticia/gestao-especializada-permite-negocios-para-pequenos-geradores-de-residuos