Economia
07/04/2017“Apesar de mudanças, estrutura da democracia brasileira continua intacta”, diz Matthew Taylor
Para professor da American University, sistema sofre com presidencialismo de coalizão, capitalismo de Estado e impunidade jurídica
Matthew Taylor diz que mudanças na estrutura política do País serão graduais e devem demorar
(Tutu)
Nos últimos anos, a Operação Lava Jato e a mudança na condução da economia do Brasil impactaram a relação do Estado com o setor privado e o comportamento dos políticos. Contudo, os problemas estruturais da democracia do País permanecem, de acordo com o professor de Ciência Política da American University, Matthew Taylor.
Sergio Moro e Paulo Galvão discutem o sucesso da Lava Jato
“Brasil deve retomar o caminho das reformas”, diz Edmund Amann
“Governo precisa ter critérios para dialogar com setor privado”, diz Sérgio Lazzarini
“Governo Temer precisa fazer reformas para evitar a insolvência fiscal”, diz Maílson da Nóbrega
FecomercioSP e UM BRASIL lançam documentário “Modernização do Judiciário”
Em entrevista ao UM BRASIL, Taylor diz que, embora o País esteja passando por mudanças e reformas, há três pilares da democracia brasileira que não foram removidos: o presidencialismo de coalizão, comandado, sobretudo, pelo PMDB; o capitalismo de Estado, em que o setor público tem um papel proeminente na economia; e a impunidade jurídica, que se refere à baixa taxa de punição a crimes de corrupção.
“Quando se juntam esses três pilares, digo que a estrutura ainda não mudou muito. Talvez venha a mudar, mas é um processo, como em qualquer país grande, que vai demorar muito tempo e que envolve muitos atores e jogadores com veto, que podem dificultar a mudança. E será, necessariamente, uma mudança paulatina, incremental, com muita barganha entre os atores”, afirma Taylor.
Estudioso do País desde a década de 1990, Taylor diz que a relação próxima entre Estado e setor privado é uma prática presente há muitas décadas, com indícios de que tenha sido criada ainda nos anos 1950, e que se fortalece diante dos problemas do regime democrático.
“Essa prática envolve os três pilares que mencionei: o presidencialismo de coalizão, o capitalismo de Estado e a impunidade jurídica. Isso possibilita o conluio de grandes empresas junto com atores muito importantes no cenário político”, explica o professor da American University.
Para Taylor, embora a Lava Jato cause um choque nesse sistema, a impunidade segue no País em função de que o Judiciário não consegue dar vazão ao número de processos.
“O Judiciário atraiu um número enorme de petições. O número de processos foi aumentando de forma exponencial ao longo dos últimos 25 anos. O problema é que o Judiciário tem tido enorme dificuldade para baixar as taxas de congestão: o número de processos antigos que permanecem sem resolução é em torno de 70% na Justiça Federal”, afirma.
Confira, abaixo, a entrevista na íntegra:
Ao mencionar esta notícia, por favor referencie a mesma através desse link:
www.fecomercio.com.br/um-brasil/materias/apesar-de-mudancas-estrutura-da-democracia-brasileira-continua-intacta-diz-matthew-taylor
Notícias relacionadas
-
Pesquisas
Endividamento em São Paulo cai pelo segundo mês seguido, mas um terço da renda segue comprometida
Inadimplência também ficou no mesmo patamar de janeiro, atingido duas em cada dez famílias; intenção de consumo sobe 14% em um ano
-
Pesquisas
Transportes sobem quase 5% em 12 meses, mas custo de vida na RMSP desacelera
Políticas públicasEmpresas deixam de faturar bilhões por causa da violência
PesquisasDívidas comprometem mais a renda dos paulistanos
Recomendadas para você
-
Brasil
Modernização do Brasil é tema central de live
Especialista em gestão pública e empresário debatem caminhos para a agenda de reformas do Estado no primeiro Café Sem Filtro do ano
-
Inteligência Artificial
O futuro do trabalho com a Inteligência Artificial
Qualidade da educação é fator primordial na preparação para mudanças
-
Pesquisas
Em 2023, Comércio paulista registra queda de 35% na geração de empregos celetistas
Nos Serviços, recuo foi de 26,7% em comparação a 2022
-
Pesquisas
Custo de vida avança na RMSP influenciado pelos preços de alimentos e transportes
Cálculo da FecomercioSP aponta que produtos e serviços ficaram 0,48% mais caros em dezembro