Economia
04/05/2018“As questões relevantes da economia estão todas expostas”, diz Sergio Vale
Economista-chefe da MB Associados afirma que País vive período de maior incerteza desde 2002
Sergio Vale diz que a política pode "estragar" a recuperação econômica que o País tem registrado
(Foto: Christian Parente)
“Estamos tendo a política afetando a economia de forma tão intensa que fica todo mundo parado. Fica difícil tentar prever o que pode ser aprovado [após as eleições]. De 2002 até aqui, não tivemos problemas de transição como agora”, avalia o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, sobre a influência do cenário eleitoral deste ano sobre a conjuntura econômica do Brasil.
Em entrevista ao UM BRASIL, realizada em parceria com o InfoMoney, o mestre em Economia pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP) e pela Universidade de Wisconsin-Madison (EUA), diz que a economia vem sendo bem conduzida pelo atual governo, principalmente no que diz respeito à atuação do Banco Central no combate à inflação e à política de juros. Contudo, Vale enfatiza, na conversa com o editor-chefe do InfoMoney, Thiago Salomão, e com a jornalista Thaís Herédia, que o País vive um momento de incerteza política, o que pode pôr tudo a perder.
Veja também
UM BRASIL discute cenário político-econômico diante das eleições de 2018
Dependência da União não é saudável para finanças públicas, diz Eduardo Giannetti
“Se eleger um presidente que continue as reformas e os ajustes, o País deve acelerar o crescimento”, diz Juan Jensen
“A política pode estragar a festa como fez no passado”, comenta o economista. “Os recados estão dados. O sistema mostra que não se sustenta nos próximos anos, a regra do teto de gastos não se sustenta. Se elegermos um candidato disfuncional [avesso às reformas], a crise volta”, afirma Vale.
Exemplificando sua preocupação, Vale cita a taxa de câmbio, que subiu para a casa de R$ 3,50 recentemente. Segundo ele, a atual apreciação do dólar se deve mais à política dos Estados Unidos do que à incerteza no Brasil. Entretanto, no longo prazo, a taxa deve ser mais influenciada pelos rumos da política doméstica.
“Se elegermos um candidato que despreze as reformas, o câmbio passa de R$ 4 por longe e seus efeitos chegam à inflação. O Banco Central precisa subir a taxa de juros. Talvez ainda precisemos de uma pernada de crise para fazer o que precisa ser feito”, diz o economista.
De acordo com o entrevistado, diferentemente de outras épocas, “as questões relevantes da economia estão todas expostas”. Ele ressalta que a Reforma da Previdência é a pauta principal de qualquer candidato que saia vitorioso na eleição presidencial deste ano, mesmo que o assunto não seja abordado na campanha.
“Hoje, não tem mais alternativa. Aposto que todos os congressistas sabem que precisam aprovar a Reforma da Previdência. Não adianta pedir para falar sobre isso agora, ano de eleição. Mas, no ano que vem, eles sabem que o assunto é imprescindível. Por isso a preocupação [do mercado]”, conclui.
Confira a entrevista na íntegra:
Ao mencionar esta notícia, por favor referencie a mesma através desse link:
www.fecomercio.com.br/um-brasil/materias/as-questoes-relevantes-da-economia-estao-todas-expostas-diz-sergio-vale
Notícias relacionadas
-
Pesquisas
Endividamento em São Paulo cai pelo segundo mês seguido, mas um terço da renda segue comprometida
Inadimplência também ficou no mesmo patamar de janeiro, atingido duas em cada dez famílias; intenção de consumo sobe 14% em um ano
-
Pesquisas
Transportes sobem quase 5% em 12 meses, mas custo de vida na RMSP desacelera
Políticas públicasEmpresas deixam de faturar bilhões por causa da violência
PesquisasDívidas comprometem mais a renda dos paulistanos
Recomendadas para você
-
Brasil
Modernização do Brasil é tema central de live
Especialista em gestão pública e empresário debatem caminhos para a agenda de reformas do Estado no primeiro Café Sem Filtro do ano
-
Pesquisas
Em 2023, Comércio paulista registra queda de 35% na geração de empregos celetistas
Nos Serviços, recuo foi de 26,7% em comparação a 2022
-
Pesquisas
Custo de vida avança na RMSP influenciado pelos preços de alimentos e transportes
Cálculo da FecomercioSP aponta que produtos e serviços ficaram 0,48% mais caros em dezembro
-
Pesquisas
Confiança do comércio mostra ritmo lento da economia
Indicador demonstra alta de 1,8% em relação a dezembro, influenciado pela melhora da percepção atual e pela adequação dos estoques