Notamos que você possui
um ad-blocker ativo!

Para acessar todo o conteúdo dessa página (imagens, infográficos, tabelas), por favor, sugerimos que desabilite o recurso.

Sustentabilidade

Até que ponto o Estado e o setor privado estão comprometidos com a pauta ESG?

Mônica Marcondes, executiva do banco Santander, diz que agenda requer setor público atuante e empresas que aportem recursos

Ajustar texto: A+A-

Até que ponto o Estado e o setor privado estão comprometidos com a pauta ESG?
"Insistir que o status quo atual vai promover a sustentabilidade é um pouco equivocado", diz Mônica Marcondes (Foto: Fabiano Battaglin)

No que diz respeito ao papel da empresa, pôr em prática a pauta ESG (ambiental, social e de governança) significa devolver algo para o entorno em que está inserida. Contudo, na avaliação de Mônica Marcondes, executiva do banco Santander, ainda é cedo para dizer se, no Brasil, o movimento por uma sociedade mais inclusiva, transparente e sustentável vai vingar.

“Acho que insistir que o status quo atual vai promover a sustentabilidade é um pouco equivocado”, afirma, em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP, produzida em parceria com a Brazilian Student Association (BRASA), a maior associação de brasileiros estudantes no exterior, e a Revista Problemas Brasileiros.

De acordo com Mônica, o “movimento, no Brasil, tenta mimetizar o que é feito lá fora”, de modo que é preciso separar quem, de fato, está comprometido com a transformação da sociedade de quem só tenha interesse por “ESG washing”, isto é, maquiar as reais intenções.

“Não posso falar que estamos correndo atrás deste prejuízo de uma maneira contundente, até porque isso envolve recursos. E todas as vezes que você vai falar e colocar na agenda de uma empresa [o tema] ESG, você está falando que tem de gastar dinheiro”, salienta.

“Você tem de gastar dinheiro para promover a diversidade, a inclusão e a equidade nos mais diversos parâmetros que possamos analisar. O pessoal vem experimentando e analisando economicamente o quanto se ganha e se perde com tudo isso, mas acho que é um caminho sem volta”, ressalta.

Na avaliação da executiva, as empresas “tendem a trabalhar por ondas”. Neste sentido, diz que, embora se fale da importância da representatividade para o quadro funcional, “continuamos sem sair do lugar”.

“Venho de empresas privadas de renome, mas não vejo nos negócios, hoje, nem quando passei por eles, a representatividade dos povos indígena e negro de uma maneira pragmática”, declara.

Além disso, Mônica argumenta que o Estado brasileiro é conivente com os problemas sociais que afligem a população. “Temos esperado pelo Estado desde que ele foi criado – e não vemos um passo à frente em prol de uma sociedade [melhor]”, afirma.

“No caso de Brumadinho, por exemplo, há famílias que não foram assistidas até o momento”, afirma, referindo-se ao rompimento da barragem de rejeitos que causou o maior acidente ambiental, em número de perdas de vidas humanas, da história do País.

“Você vê o caso do [indigenista] Bruno [Pereira] e do jornalista inglês [Dom Phillips]. O Estado foi extremamente moroso na resposta para a sociedade. Não era para a família, não, era para a sociedade”, cita mais um exemplo.

Deste modo, a executiva reforça que, diante da morosidade do Estado, o setor privado do País também está atrasado com o compromisso sustentável.

“No Brasil, discute-se muito, age-se pouco e, querendo ou não, mantém-se o status quo. No fim do dia, me pergunto: até que ponto algumas empresas querem mudar a atuação delas?”, questiona. “Você precisa gastar, você precisa colocar na agenda, e [isso] precisa ser importante para si mesmo. E você precisa ter a real dimensão de que isso agrega valor na hora que se olha em perspectiva para o seu negócio”, salienta.

Assista à entrevista na íntegra e se inscreva no Canal UM BRASIL no YouTube.

Fechar (X)