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17/08/2018Mercado literário em crise: “Falar em preço é uma defesa do não leitor”, diz presidente da Livraria Cultura
Pedro Herz aponta que “o leitor está acabando” e destaca que “dificuldade para ouvir o outro” impacta o mercado
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Presidente da Livraria Cultura compara ler a ouvir outra pessoa sem a possibilidade de réplica
(Foto: Christian Parente/Perspectiva)
O mercado literário enfrenta uma crise cuja recuperação deve ser mais complicada do que a retomada da economia brasileira: o consumidor desse segmento, o leitor, está acabando. É o que afirma o presidente do Conselho de Administração da Livraria Cultura, Pedro Herz.
Segundo o livreiro, o desinteresse pela leitura no País se materializou em uma crise que faz com que o setor pratique preços baixos, embora quem não costume ler com frequência justifique dizendo que livros são caros. “Temos uma crise que já vem há anos. Está sendo extremamente difícil para a indústria. A defasagem de preços é muito grande, de dez anos ou mais. O preço é uma defesa do não leitor, que argumenta que ler é caro, o que não é verdade”, destaca Herz, em entrevista ao UM BRASIL.
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Para o empresário, o principal desafio do setor é atrair novos leitores. Ele atribui isso à dificuldade que as pessoas têm para ouvir o que outras têm a dizer, uma vez que ler é uma atividade silenciosa, solitária e sem interação.
“Cada vez mais as pessoas não ouvem. Elas falam compulsivamente o tempo todo”, comenta. Nesse sentido, Herz explica que ler é como ouvir o que outra pessoa – no caso, o escritor – conta, sem a possibilidade de retrucar, algo atípico nos dias de hoje.
De acordo com o presidente da Livraria Cultura, a crise do mercado literário ficou mais nítida quando os e-readers foram lançados. “A mídia [digital] é boa para o produto. Só que tem um detalhe: o aparelho não faz leitor. O que está sumindo é o leitor”, afirma.
Para Herz, o trabalho de fomentar a leitura deve ser dos pais. “Quem faz o leitor? Na minha opinião, são os pais. Eu lia porque meus pais liam. Meus filhos pegavam livros antes de serem alfabetizados porque me viam com livros. Esse é o bichinho que pica e contamina.”
Confira a entrevista na íntegra a seguir:
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