Sustentabilidade
22/04/2022Práticas ESG pressupõem respeito aos direitos humanos nas empresas
Gabriele Garcia, presidente do Instituto Think Twice Brasil, destaca que as prerrogativas inerentes ao ser humano são inegociáveis

"ESG está embaixo da agenda de direitos humanos", afirma Gabriele Garcia
(Arte/Tutu)
As empresas comprometidas com a agenda ESG – sigla que condensa práticas relacionadas à preservação ambiental, à inclusão social e a condutas exemplares de governança – precisam entender que tal iniciativa, na verdade, integra o campo dos direitos humanos, de modo que respeitá-los é fundamental para que, de fato, a organização colabore com o progresso da sociedade. É o que afirma Gabriele Garcia, cofundadora e presidente do Instituto Think Twice Brasil, que atua na promoção de educação em direitos humanos, cultura de paz e engajamento cívico.
Em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP, Gabriele pontua que “o ESG é uma das agendas que está embaixo de uma agenda maior: a de direitos humanos”.
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Além disso, ela destaca que, desde 2011, sobretudo fora do País, circulam diretrizes conhecidas como “direitos humanos em empresas”. O Brasil, de todo modo, não está alheio ao assunto, com previsões estabelecidas no Decreto 9.571/2018.
“Desde 2018, por exemplo, temos um decreto que determina as diretrizes dos direitos humanos em empresas. O decreto, basicamente, traduz um pouco essas diretrizes que já são normativas internacionais, com a intenção de envolver as empresas nesse processo de garantir, proteger e respeitar os direitos humanos como inegociáveis de fato”, explica Gabriele.
Ponto de partida
A presidente do Think Twice Brasil reforça a ideia de que os direitos humanos precisam ser assumidos como inegociáveis, servindo de ponto de partida para a construção de sociedades mais justas, igualitárias e prósperas. Sendo assim, argumenta que as prerrogativas inerentes ao ser humano não devem ser questionadas ou debatidas no campo da política.
“Quando trazemos a discussão de direitos humanos para absolutamente todos os setores da sociedade, começamos a pactuar quais são os nossos pontos de partida, que independem das nossas inclinações partidárias, ideológicas e religiosas. São pontos de partida absolutamente comuns a todos nós”, salienta. “Assim, conseguimos propor avanços, melhorias e ajustes considerando a nossa perspectiva de mundo e a nossa afinidade com tal partido ou ideologia”, acrescenta.
Mestre em Direitos Humanos e ex-participante do programa do Dalai Lama de cultura de paz e empatia, Gabriele indica que países como o Brasil, fundado em estruturas de desigualdade e violência, precisam reavaliar o que entendem sobre direitos humanos. Isso, segundo ela, poderia ser feito por meio da educação.
“Uma educação em direitos humanos presume, inicialmente, desmistificar o que entendemos por direitos humanos e colocá-los como, de fato, inegociáveis”, ressalta. “Quando propomos uma agenda de não violência e de cultura de paz, estamos sendo revolucionários. A tentativa é propor um novo paradigma de se relacionar e de se comportar que não se paute na violência como fio condutor de nossas escolhas”, complementa.
Assista à entrevista na íntegra e se inscreva no Canal UM BRASIL no YouTube.
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