Negócios
05/07/2022Brasa em Casa debate a inclusão econômica, os negócios de impacto e a necessidade de o País massificar a educação para se desenvolver
Evento, realizado no Centro Fecomercio de Eventos, recebe estudantes e abre portas para empresas conhecerem jovens lideranças
Durante o evento, também foram destaques as formas de se garantir mais diversidade nas tomadas de decisão e inclusão econômica
(Arte: TUTU)
A despeito do forte potencial de crescimento nas estruturas empresariais, o Brasil ainda sofre com barreiras conjunturais que tendem a dificultar este avanço – como a possibilidade de um agravamento na economia mundial em 2023 –, o que pode ocasionar um “freio” na economia. Também não deixa de ser preocupante o “apagão de mão de obra” que vários setores enfrentam, aqui e lá fora. Sendo assim, garantir estabilidade e segurança para quem deseja empreender e idealizar uma linha de crescimento mais constante são alguns dos desafios econômicos atuais do País, defendeu Guilherme Dietze, assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), durante a segunda edição do Brasa em Casa, evento realizado no sábado (2), no Centro Fecomercio de Eventos.
O encontro foi dedicado a estimular o debate e a análise da situação nacional em diversas frentes, com a presença de estudantes e jovens lideranças, além de empreendedores de negócios e organizações de vários ramos e portes. O Brasa em Casa: (Res)significando Impacto Nacional! é uma realização da Brazilian Student Association (Brasa) em parceria com a FecomercioSP, a Revista Problemas Brasileiros e o Canal UM BRASIL.
Guilherme Dietze, assessor econômico da FecomercioSP
Crédito: Patrick Gomes
“Ainda existem cerca de 10 milhões de desempregados no Brasil, há, pelo menos, seis anos. Precisamos recuperar, sobretudo, a renda das pessoas. E, no mundo, há um apagão de mão de obra completo, de gente evitando oportunidades e preferindo trabalhar de casa, ainda que ganhando menos. Trata-se de uma ressignificação do mercado de trabalho. Agora, precisamos olhar com atenção para uma qualificação de pessoas de forma ainda mais humana, e não apenas profissional, e isso abre portas para o empreendedorismo educacional”, ponderou Dietze.
Painel “(Res)significando o empreendedorismo”
Durante o evento, também foram destaques as formas de se garantir mais diversidade nas tomadas de decisão – nos cargos de lideranças principalmente – e inclusão econômica. A presidente da unidade de negócio de Future Beverages and Beyond Beer da Ambev em toda a América do Sul, Daniela Cachich, comentou que sem união dos poderes Público e privado neste sentido será muito difícil fazer a transformação de apenas um lado.
A partir da esquerda: o gestor da Tractian, Gabriel Lameirinhas; o presidente do G10 Favelas, Gilson Rodrigues; a executiva da Ambev, Daniela Cachich
Crédito: Patrick Gomes
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Ela destacou que, para as empresas, está claro que é preciso entregar valor, mas que os negócios também precisam se “colocar” como plataformas de impacto, e não somente de produtos – e esse impacto passa pela inclusão. “Apresentar-se como um ecossistema, mais do que visando aos clientes e consumidores. As empresas podem fazer este papel. Cada vez mais os jovens vão querer trabalhar em locais que gerem impacto, muito mais do que valor. Estamos em um país com maioria de mulheres e de pessoas negras, não dá para tratá-las apenas como ‘diversidade’ e ‘minoria’.”
“Empresas são feitas de pessoas, e as lideranças precisam acreditar nos propósitos para que aconteçam. Sem uma liderança que se coloque em prol da transformação sustentável, esta não irá acontecer. Hoje, um líder é alguém capaz de entender como gerar e devolver valor”, enfatizou.
A partir da esquerda: o jornalista Rodolfo Bartolini; o gestor da Tractian, Gabriel Lameirinhas; o presidente do G10 Favelas, Gilson Rodrigues; a executiva da Ambev, Daniela Cachich
Crédito: Patrick Gomes
Já o presidente do G10 Favelas, que investe em empreendimentos de moradores de Paraisópolis (SP), Gilson Rodrigues, sinalizou a necessidade de se olhar com atenção às ideias que surgem de moradores de comunidades mais pobres.
“A favela que conhecemos é um lugar de oportunidade, de inovação e de potências, grupos economicamente ativos. As favelas movimentam R$ 170 bilhões, sem estímulo, e transformam isso em riqueza. Imagine se o crédito chegasse às mulheres da região, se os CEPs fossem desbloqueados para o e-commerce, se os aplicativos de carros pudessem chegar lá”, acrescentou.
O painel também teve a presença de Gabriel Lameirinhas, gestor na Tractian.
Painel “(Res)significando o desenvolvimento econômico”
Diante da presença de centenas de estudantes, também foi debatido o atual cenário econômico do Brasil. O economista e escritor Marcos Mendes foi enfático ao explicar que o País está repetindo o mesmo erro de uma década atrás, isto é, não aproveita as oportunidades com os altos preços das commodities.
“Deveríamos estar reconstruindo nossa gestão macroeconômica. Por consequência do desmonte das cadeias produtivas internacionais, acabamos ‘ganhando de presente’ o aumento do preço de commodities, que novamente começa a ‘botar’ renda no País. Mas estamos fazendo a mesma coisa do passado, ‘torrando’ dinheiro com isenções tributárias, aumento de despesas não programadas e perdendo a oportunidade de diminuir a dívida pública, que cresceu muito com a pandemia e que vai nos custar muito caro em termos de juros, além de tolher nossa capacidade de crescimento”, frisou.
A partir da esquerda: o economista Marcos Mendes; a executiva do banco Santander, Monica Marcondes; o managing partner do BTG Pactual, Renato Mazzola
Crédito: Patrick Gomes
Por fim, Mendes também refletiu a respeito dos entraves ao desenvolvimento social no Brasil. “Os países que deram certo massificaram a educação e conseguiram ter três ou quatro metas muito claras, com importâncias reconhecidas amplamente pela população – e que estas sejam perseguidas: aumento da educação, redução da pobreza, proteção ambiental e outras. Trata-se de um país todo andando na mesma direção, tendo alguns valores comuns e construindo uma coesão social em torno destes valores. O Brasil, hoje, não tem um ‘norte’ claro e, sobretudo, deixa de lado a inclusão pela educação e pela redução da miséria. Sem superarmos isso, não saberemos como construir o motor do desenvolvimento, que é saber inovar e saber lidar com a inovação. Também precisamos de competição, abrir a economia, subsidiar menos o capital físico e mais o humano”, alertou.
O economista Marcos Mendes
Crédito: Patrick Gomes
O debate contou ainda com Renato Mazzola, managing partner do BTG Pactual, e com a executiva do banco Santander, Monica Marcondes, atuante na área de Energia há 30 anos. Os executivos falaram sobre temas ligados a privatizações, perspectivas de negócios e cenário inflacionário.
O presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, e o deputado federal, Vinicius Poit, participaram do painel “(Res)significando as eleições 2022”. Os professores Eduardo Valladares e Vinicius Müller foram os debatedores do painel “(Res)significando as Políticas Educacionais”. A líder indígena Laura Yawanawá apresentou o painel “(Res)significando a Identidade Nacional” e falou sobre desenvolvimento sustentável e valorização da cultura.
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