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Economia

“Brasil precisa de um projeto de longo prazo”, diz ex-ministro

Furlan não poupa críticas às empresas brasileiras, às quais ele classifica como acomodadas

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“Brasil precisa de um projeto de longo prazo”, diz ex-ministro

Por Marineide Marques

O Brasil atravessa uma crise de confiança, agravada pela ineficiência da máquina pública e pela ausência de prioridades bem definidas. A opinião é de Luiz Fernando Furlan, ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2003-2007).

Acionista da BRF, empresa criada a partir da associação entre a Sadia e a Perdigão, e dono da Concórdia Corretora e membro do conselho de administração de diversas empresas, Furlan transita no meio empresarial com a desenvoltura de quem também conhece os meandros do poder. Por isso, sua visão do cenário econômico nunca é dissociada do plano político. Ex-ministro do governo Lula, ele critica a atual indefinição de prioridades da presidente Dilma Rousseff e atribui parte do problema ao arranjo político para acomodar as coligações partidárias.

Furlan também não poupa críticas às empresas brasileiras, às quais ele classifica como acomodadas. Para ele há ainda um conformismo por parte da população, que não assume o seu papel nas mudanças. A isso, soma-se uma ineficiência sistêmica do Estado, incapaz de resolver os problemas estruturais. No entanto, Furlan acredita que há um descompasso entre a percepção e a crise, de fato.

“A impressão que tenho é que a vocalização da crise é muito maior do que a realidade que afeta o cidadão comum”, diz ele, em entrevista à Conselhos, na qual traça paralelos entre o primeiro mandato do ex-presidente Lula, em 2003, e o cenário enfrentado pela presidente Dilma, em 2015. Em comum está a necessidade de medidas duras para ajustes na política econômica, mas Furlan aponta diferenças importantes entre os dois períodos, a começar pelo desgaste político vivido pelo atual governo.

Sobre considerar as empresas brasileiras acomodadas, Furlan afirma ver duas razões para isso: o tamanho do mercado interno brasileiro e o fato de que, historicamente, este mercado foi protegido da competição internacional. “Muitas vezes, a empresa se acomoda sendo apenas regional, dada a amplitude do mercado. Quando você sai da zona de conforto para ser uma marca nacional ou para construir uma marca internacional você precisa agregar valores e conhecimentos que normalmente é necessário buscar, incorporando gente e know-how”, mencionou.

Segundo o ex-ministro, às vezes é preciso até mudar o produto. “É necessária uma curva de aprendizado, incluindo o risco de desnacionalização da empresa. Se a empresa demora a se internacionalizar, corre o risco de ser internacionalizada, ou seja, ser adquirida por grupos estrangeiros. Os acionistas precisam ter uma visão de longo prazo, que extrapola essas questões de altos e baixos da economia brasileira.”

No que diz respeito aos desafios ao crescimento do País, considera que uma situação de ineficiência sistêmica não é resolvida e é repassada para os preços. “São custos atrelados às más condições das estradas, às filas nos portos, à falta de segurança e de estrutura. Isso tudo tem um custo, que deságua na ponta e acaba embutido no preço do produto.”

Furlan falou à Conselhos ainda sobre construção de marca, comércio internacional, investimento privado e reforma política. Confira a entrevista completa aqui.

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