Economia
19/02/2025Com alta da inflação, famílias mantêm cautela em 2025, apontam pesquisas da FecomercioSP
Gastos de início do ano refletem no consumo mais controlado em janeiro

Gastos das famílias no começo do ano com IPTU, IPVA e material escolar impactam a renda e refletem na retração do consumo. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), pesquisa realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), registrou 123,5 pontos — quedas de 7,3%, em comparação ao mesmo mês do ano passado, e de 1,7%, em relação a dezembro, evidenciando essa cautela [gráfico 1]. Já o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), que reflete a percepção e a intenção de consumo no comparativo mensal, registrou alta de 3,1%, marcando 111,8 pontos [gráfico 2]. No comparativo interanual, registrou queda de 1,7%.
[GRÁFICO 1]
ÍNDICE DE CONFIANÇA DO CONSUMIDOR (ICC)
12 meses
Fonte: FecomercioSP
[GRÁFICO 2]
ÍNDICE DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS (ICF)
12 meses
Fonte: FecomercioSP
De acordo com a Federação, as projeções econômicas de 2025 apontam dificuldades para os consumidores, principalmente pela alta da inflação (estimada em 5,5% para 2025). Por isso, o planejamento financeiro com o ajuste do orçamento e a redução do endividamento será essencial. Já para os empresários, as estratégias devem ser focadas na eficiência operacional. Empresas com soluções personalizadas, condições de pagamentos diferenciadas e que priorizem a experiência do cliente estarão mais preparadas para lidar com esse cenário.
O Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA), que compõe o ICC e mede a percepção dos consumidores sobre o momento presente, registrou queda de 0,5% em comparação com janeiro de 2024, atingindo 122,3 pontos. Por outro lado, o Índice de Expectativas do Consumidor (IEC) teve a maior contribuição para a queda do ICC no comparativo anual, recuando 11,3% no comparativo interanual e registrando 124,3 pontos. Esse desempenho reflete as preocupações dos lares com o futuro da economia, dado o ambiente de juros elevados, inflação acima da meta e incertezas acerca das conjunturas fiscal e cambial. A queda de 2% em relação ao mês anterior reforça que essas preocupações persistem e afetam negativamente as decisões de consumo e investimento.
Comparação de consumo por renda
O ICF revela um comportamento distinto entre as faixas de renda no período de janeiro de 2024 a janeiro de 2025. Enquanto as famílias com renda de até dez salários mínimos apontaram uma queda de 2,7% no indicador anual (107,6 pontos), as de renda superior a dez salários mínimos demonstraram maior resiliência, com alta de 0,9% (124,2 pontos) no mesmo período.
A análise ressalta que famílias de menor renda estão mais vulneráveis ao cenário econômico adverso, com inflação elevada e restrições de crédito, que dificultam a aquisição de bens duráveis. Apesar disso, essas famílias registraram um aumento mensal de 4,4% no índice, possivelmente impulsionado por fatores sazonais de início de ano, como o recebimento de décimo terceiro salário e bônus.
Já as famílias com renda superior a dez salários mínimos mantiveram estabilidade mensal, reflexo da menor dependência de crédito e maior capacidade de poupança. No entanto, há sinais de cautela quanto ao futuro, considerando a possibilidade de manutenção das altas taxas de juros, o que pode impactar a confiança desse estrato social nos próximos meses.
[TABELA 1]
ÍNDICE DE INTENÇÃO DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS (ICF)
Janeiro de 2024 a janeiro de 2025
Fonte: FecomercioSP
O Banco Central (Bacen) adotou uma postura firme no combate à inflação, restringindo o crédito e desestimulando o consumo. Como resultado, o subindicador Acesso ao Crédito registrou queda de 4,4% no ano, acompanhado pelas reduções de 4,4%, na Perspectiva de Consumo, e de 4,6%, no Nível de Consumo Atual. Ainda assim, o mercado de trabalho se mostrou estável, sustentando o subindicador Renda Atual, que apresentou crescimento de 1,8% no ano.
A FecomercioSP avalia que a manutenção dos juros elevados continuará a impor desafios ao consumo ao longo de 2025, especialmente para famílias com menor renda e maior exposição ao crédito. Entretanto, uma eventual flexibilização monetária e estabilidade fiscal poderão contribuir para uma recuperação gradual da confiança do consumidor.
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