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Negócios

Comércio paulistano poderá ser impactado com Plano Diretor Estratégico

Projeto prevê aumentar imposto para construção comercial no centro da cidade, além de propor incentivos fiscais para migração de empregos para periferia da capital

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Comércio paulistano poderá ser impactado com Plano Diretor Estratégico

A cidade de São Paulo espera colocar em prática, o quanto antes, o Plano Diretor Estratégico revisado (PL 688/13), que contará com as novas diretrizes para a capital paulista até 2029. O último texto substitutivo do projeto de lei, apresentado no dia 26 de março pelo relator, o vereador Nabil Bonduki (SP), durante reunião da Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente, trouxe algumas mudanças, com foco, principalmente, nas questões de meio ambiente, habitação, cultura e emprego.
 
Para os comerciantes, algumas propostas podem mudar o ritmo dos negócios. Uma delas diz respeito ao encarecimento do imposto pago na região central da cidade para construir entre o gratuito e o máximo permitido pela lei. A medida outorga onerosa visa estimular a construção de imóveis residenciais no centro ante os comerciais, sendo mais barato, principalmente, para famílias com renda de seis a dez salários mínimos. Para o presidente do Conselho de Desenvolvimento Local da FecomercioSP, Jorge Duarte, a medida não deve ter efeitos negativos para o comércio.
 
“A outorga onerosa pode desestimular em um primeiro momento a construção de imóveis comerciais, mas o crescimento dependerá mais da demanda de mercado. O comércio não será prejudicado, mas essa proposta, somada a outras que incentivam o desenvolvimento em outros polos da cidade, fará com que os empreendedores tenham que analisar novos mercados e oportunidades, deixando o centro da cidade de ser a principal opção para investimentos”, avalia.
 
Para atenuar a situação, o projeto propõe estimular a ida do comércio para as regiões distantes do centro da cidade, principalmente nas zonas Leste, Noroeste e Sul, a fim de torná-las novos polos econômicos. O Plano Diretor espera, dessa maneira, facilitar a vida dos moradores dessas regiões, para que o emprego seja mais próximo de casa. Para estimular essa migração das empresas, o plano propõe incentivos fiscais, como assinala o vereador Nabil Bonduki. "O plano prevê vários estímulos para o comércio de bairro, de avenida e de rua".
 
Para Jorge Duarte, algumas premissas são essenciais para que a proposta se mostre assertiva. “É preciso investimentos em infraestrutura, capacitação profissional e incentivos ao empreendedorismo para que, efetivamente, essas regiões se desenvolvam. Também é preciso que o município se articule com a região metropolitana para planejar ações de longo prazo, a fim de garantir um desenvolvimento regional, sem o qual poderão registrar-se prejuízos para inúmeras localidades”, indica.
 
Na construção civil, o texto substitutivo do projeto propõe limitar a altura dos prédios nos chamados "miolos" dos bairros para até oito andares, além do térreo. Para áreas com infraestrutura de transporte público, como metrô, trens e corredores de ônibus, estariam liberados os edifícios maiores. Para Bonduki, a sugestão, que tem forte apelo da Prefeitura, está bem aceita pela sociedade.
 
"As pessoas não querem que em um bairro só de casas surjam espigões de 20 andares. O Plano busca gerar certo equilíbrio nas áreas mais densas", analisa o vereador.
 
Duarte acredita que essa é uma boa proposta, principalmente por trabalhar no sentido de controlar o crescimento agressivo no ponto de vista estético. “No entanto, haverá a necessidade de desapropriação de áreas maiores para poder viabilizar esse tipo de construção, o que pode descaracterizar a identidade de muitos bairros na cidade. Corre-se o risco de que esse limite encareça a propriedade nesses locais impedindo que famílias continuem no bairro. É necessário, porém, o incentivo ao desenvolvimento de empreendimentos de comércio e serviços que supram as necessidades desses ‘mini-adensamentos’. Os serviços não podem estar dentro dos prédios, mas sim na localidade”, aconselha.
 
Para o meio ambiente, o vereador espera voltar a aquecer as atividades agrícolas e de preservação, por meio da criação de uma zona rural na cidade, que compreenderia 25% do território paulistano. Na área, a ideia é fortalecer a agricultura orgânica, gerando emprego e renda para a população local, abrindo portas para uma possível parceria com o município, como sugere Bonduki.
 
"É uma aposta importante que estamos fazendo, no sentido de garantir que aquela região tenha uso sustentável. Não só no ramo agrícola, mas também com o ecoturismo, que tem grande potencial em São Paulo. Temos uma represa fantástica que pode ser utilizada, temos cachoeiras e várias áreas de trilhas. Além disso, tem potencial para desenvolver a educação ambiental, centros de convenções e a atividade agrícola ganhar impulso. São Paulo é um grande comprador de alimentos para merendas escolares e certos produtos da zona rural podem ser direcionados para isso", indica o relator.
 
Pensando na proposta de intensificar o ecoturismo na região, Jorge Duarte acredita serem necessários fortes investimentos públicos. “Ainda que esta proposta seja nobre sabemos que o turismo não tem sido um segmento estratégico para os governos federal e estaduais. As oportunidades de negócios poderão aparecer a longo prazo, mais pelo espírito empreendedor da iniciativa privada do que por incentivos ao desenvolvimento do turismo por parte de governos”, analisa Duarte.
 
A economia criativa na capital paulista também poderá ser incentivada, segundo prevê o projeto de lei, a partir da criação do primeiro polo ou distrito nessa área a ser constituído na cidade, além de parques tecnológicos.
 
O texto substitutivo do Plano Diretor Estratégico passará por debate público para, em seguida, ser votado duas vezes no plenário da Câmara Municipal. Em seguida, o projeto seguirá para sanção ou veto do prefeito Fernando Haddad.

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