Negócios
10/06/2020Empresas encontram dificuldades de acesso a crédito no Brasil e na Espanha durante pandemia
Webinário internacional expôs que setor comercial enfrenta entraves parecidos nos dois países
Efeitos da pandemia nos negócios são bastante similares em ambos os países
(Arte/Tutu)
Um dos principais desafios para a sobrevivência das pequenas e médias empresas durante a pandemia de coronavírus, o acesso a crédito não tem sido um entrave apenas no Brasil. Na Espanha, onde o vírus se alastrou antes de chegar ao território brasileiro, o setor comercial, mesmo após o relaxamento das medidas de restrição às atividades presenciais, tem enfrentado dificuldades para obter recursos com as instituições financeiras.
O assunto foi debatido em um webinário internacional, organizado pela Câmara de Comércio Brasil-Espanha (CCBE) e pela Câmara de Comércio Brasil-Catalunha (CCBC), realizado na quinta-feira passada (4), no qual a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) participou pelo lado brasileiro.
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Os palestrantes relataram as medidas de restrição ao comércio e os pacotes emergenciais às empresas e aos trabalhadores disponibilizados em ambos os países, chegando à conclusão de que os governos agiram de maneiras semelhantes. Além disso, destacaram que a dificuldade para obter crédito é uma realidade tanto das empresas brasileiras como das espanholas.
O coordenador da Confederação Espanhola de Comércio (CEC), Julián Ruiz, resumiu a proposta formada por 21 medidas de recuperação do comércio apresentada ao governo espanhol. A pauta realça a necessidade de garantir liquidez às empresas. “O comércio está sofrendo as consequências nos primeiros meses da pandemia”, frisou Ruiz.
Ainda pelo lado espanhol, o presidente da Comertia, uma associação catalã de empresas varejistas, David Sanchéz, salientou que, sem uma política que faça o crédito chegar aos negócios, o país europeu estará “deixando para trás empresas que teriam condições de continuar”. Ele complementou dizendo que os pequenos negócios não sobreviverão por mais dois meses sem empréstimos. “Outra forma de garantir liquidez é não gastando. Desta forma, no médio prazo, a alternativa seria diminuir, flexibilizar e diferir o pagamento de impostos, mas não foi isso que aconteceu [na Espanha]”, pontuou.
Fábio Pina, assessor econômico da FecomercioSP, recapitulou as ações tomadas no Brasil para socorrer empresas e empregados e as mudanças de comportamento estimuladas pela pandemia, como o incentivo ao delivery e o crescimento do e-commerce. Pina também relatou que a Entidade entregou à Prefeitura de São Paulo protocolos para reabertura com segurança dos estabelecimentos comerciais e de serviços.
“O problema está na liquidez, fazer o crédito chegar na ponta”, contou Pina sobre a situação das empresas no Brasil. “O que falta é entender como fazer uma persuasão moral nos bancos para eles emprestarem, como lhes dar segurança para adotar uma postura emergencial”, complementou.
Negócios
Sobre a relação comercial entre Brasil e Espanha, Jean-Claude Silberfeld, consultor da Fecomercio Internacional – braço da Entidade que articula negócios entre empresas brasileiras e parceiros estrangeiros –, disse que a presença de empresas espanholas no País é pequena, de modo que os brasileiros conhecem poucas marcas da nação europeia.
Silberfeld também rememorou que em 1996 ocorreu, em São Paulo, a feira de empresas espanholas Expotecnia e, desde então, nada mais com essa envergadura foi realizado. “O consumidor brasileiro tem pouca identificação com produtos espanhóis. E haverá grandes oportunidades no pós-pandemia em função da ociosidade nos mercados comerciais”, indicou o consultor da Fecomercio Internacional.
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