Negócios
23/03/2017Férias estimulam demanda por hospedagem para animais de estimação
Prestadores de serviços especializados em cuidar dos cães enquanto os donos viajam relatam crescimento mesmo em tempos de crise
“Alta temporada é o melhor período em faturamento”, revela sócio de plataforma que faz intermediação entre quem procura e quem oferece hospedagem
(Arte/TUTU)
Por Jamille Niero
No final de ano, período que de férias corporativas e escolares, muitas pessoas viajam e não têm como levar seus animais. Com isso, a demanda por serviços de pet sitter e de hoteizinhos cresce.
O Canil Cães Maravilhosos, localizado em Cotia (interior de São Paulo), que trabalha com hospedagem para cachorros, teve um aumento em torno de 20% na demanda entre dezembro de 2016 e janeiro de 2017 na comparação com o mesmo período do ano anterior. O proprietário do espaço, André Rosa, conta que sua clientela é formada por moradores de bairros nobres da capital paulista, como Morumbi, Brooklin, Moema e Pinheiros, e que a demanda de fato aumenta mais no período de férias.
O tempo médio da viagem do dono e, portanto, da hospedagem do pet, varia, mas vai de um simples fim de semana a 20 dias. “Muitos deixam os animais conosco por bastante tempo, mas têm o contato diário com ele, porque faço vídeos e fotos e envio para o dono, que fica feliz em sentir que o cão está tendo várias atividades e é como se estivesse de férias também”, detalha Rosa, que conta abrigar os bichinhos em um sítio próprio com área de 5 mil m².
“A alta temporada é o nosso melhor período em faturamento”, revela Fernando Gadotti, sócio da Dog Hero, plataforma criada para intermediar quem procura e quem oferece hospedagem para cães de estimação. Segundo ele, em dezembro, janeiro, fevereiro e julho a procura chega a ser três vezes superior à dos outros meses.
Atualmente, são mais de 9.500 anfitriões (famílias que recebem os animais em casa) espalhados por mais de 500 cidades brasileiras. Gadotti explica que, na DogHero, os proprietários encontram próximo de casa pessoas que se dispõem a cuidar dos cachorros delas, oferecendo uma rotina muito próxima à do animal, com tratamento individualizado, com preços cobrados por diárias.
“O cliente viaja tranquilo porque o peludo vai ser tratado como em casa: poderá subir no sofá e tem a rotina de passeios, alimentação e medicamentos respeitada. Além disso, todos os hóspedes estão cobertos por um seguro-saúde e eventuais despesas veterinárias que possam ocorrer durante a estadia são pagas por nós”, explica Gadotti.
Números
O mercado pet nacional deve chegar a R$ 19 bilhões em faturamento em 2016, crescimento de 5,7% em relação ao ano passado, quando fechou o ano em R$ 18 bilhões, segundo estimativa mais recente da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).
Segundo a associação, apesar do crescimento orgânico do setor, impulsionado principalmente pela inflação, a indústria pet não atravessou o ano sem sofrer efeitos da recessão, já que o avanço esperado de 5,7% é o menor dos últimos seis anos.
Para a assessoria técnica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o empreendedor que deseja abrir um negócio no mercado pet deve ficar atento a alguns fatores – apesar dos números do mercado. Isso porque as famílias cortaram o consumo como um todo nos últimos anos e, apesar de dar sinais de retomada, ainda evitam gastar com itens que não sejam essenciais.
Nesse período de ajuste do orçamento doméstico, muitos optaram por reduzir também os gastos com os bichinhos, como dar mais banhos em casa em vez de mandar ao pet shop. O que não significa que vão cortar de vez a ração ou as visitas ao veterinário, mas que só devem retomar o hábito quando a renda voltar a crescer.
Além disso, observa a assessoria técnica da FecomercioSP, em alguns anos o País contará com uma maior população de idosos. Muitos deles ficarão sob os cuidados da família, que poderá evitar despesas e cuidados extras com os animais, por já ter que se preocupar com o idoso que passou a morar com ela.
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