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08/11/2015Inadimplência atinge 18% das famílias paulistanas em outubro
Entre as famílias de menor renda, a parcela com contas em atraso atingiu 23,2% em outubro, o maior valor desde julho de 2013
Pelo segundo mês consecutivo caiu a porcentagem de famílias endividadas na capital paulista - 52,4% em outubro, ante 54,7% em setembro - mas, apesar do recuo na comparação mensal, observa-se uma alta de 7,1 pontos porcentuais em relação ao mesmo período do ano anterior (45,3%). Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Para a assessoria econômica da Entidade, a queda mostra o esforço dos consumidores em manter o orçamento familiar equilibrado em um momento de adversidades e desemprego em alta.
Neste cenário, as famílias de baixa renda são as que possuem mais dificuldades para manter um padrão de consumo básico e acabam recorrendo a empréstimos não previstos para tentar equilibrar as contas. A proporção de endividadas com renda de até 10 salários mínimos atingiu 57,5%, enquanto entre as com renda superior a 10 S.M. é de 37,9%, - ambos segmentos com recuo de cerca de 2 pontos porcentuais em relação ao mês de setembro.
Segundo a Federação, entre as famílias endividadas, 39% têm dívida com prazo superior a um ano, 20,5% entre 3 e 6 meses; 16,1%, entre seis meses e um ano, e 20,6% dívida de até três meses.
Em números absolutos, o total de famílias endividadas passou de 1,961 milhão em setembro para 1,880 milhão em outubro. Já em relação ao mesmo período de 2014, quando esse número era de 1,624 milhão, houve um aumento de 256 mil famílias.
Baixa renda inadimplente
De acordo com a FecomercioSP, no que se refere à inadimplência, o cenário é preocupante. A proporção de famílias com contas em atraso é a maior em dois anos e chegou a 18% em outubro. Entre as famílias de menor renda, a parcela com contas em atraso atingiu 23,2% ante 21,8% em setembro, a terceira alta consecutiva e o maior valor desde julho de 2013.
Já entre as famílias com renda superior a 10 salários mínimos, o porcentual também subiu - de 5,8% em setembro para 6,4% em outubro. No comparativo com o mesmo período do ano passado, o indicador geral apresentou alta de 7,3 pontos porcentuais. Em números absolutos, o total de famílias com contas em atraso passou de 605 mil em setembro para 647 mil em outubro. Em outubro do ano passado, o número era de 384 mil.
Para a assessoria econômica da Federação, outro fator preocupante é a forma acelerada com que a proporção de famílias que não terão condições de pagar total ou parcialmente as suas dívidas vem crescendo nos últimos meses. Entre as famílias entrevistadas, 7,1% acreditam que não honrarão suas dívidas no próximo mês, o maior valor desde setembro 2009 e representa uma alta de 0,2 p.p. em relação aos 6,9% registrados em setembro.
A situação é ainda mais complicada entre as famílias com rendimentos inferiores a 10 salários mínimos. 9,9% acreditam que não terão condições de pagar total ou parcialmente suas contas no próximo mês, o maior patamar desde janeiro de 2010. Em relação às famílias com ganhos acima de 10 S.M. a proporção permanece em 2%.
A assessoria econômica da FecomercioSP ressalta que, para a população de baixa renda, o crédito representa um importante meio de inclusão nos padrões de consumo e, quase sempre, é a única forma de acesso a esses padrões. Assim, qualquer imprevisto pode desequilibrar suas finanças, exatamente o que parece estar acontecendo.
Dentre as famílias com contas em atraso, 50% têm contas vencidas a mais de 90 dias, 23,6% têm contas atrasadas entre 30 e 90 dias, enquanto 25,1% do total de famílias estão com dívidas atrasadas por até 30 dias.
Tipo de dívida
Para a 73,7% das famílias entrevistadas, o principal tipo de dívida continua sendo o cartão de crédito, seguido por financiamento de carro (18,0%); carnês (17,7%); financiamento de casa (12,8%), crédito pessoal (10,9%) e cheque especial (8,2%).
Em relação às famílias com renda inferior a 10 salários mínimos que possuem dívidas no cartão de crédito, a Federação aponta que a alta de 74,3% para 76,3% entre setembro e outubro evidencia ainda mais a dificuldade dessa parcela da população de equilibrar as contas diante da crise. Considerando a seletividade cada vez maior dos bancos na concessão de empréstimos, as famílias de menor renda se veem obrigadas a recorrer ao rotativo do cartão de crédito. O cheque especial que também apresentou alta de utilização entre as famílias de baixa renda, a terceira consecutiva, e passou de 7,6% em setembro para 8,6% neste mês.
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