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Imprensa

Incertezas econômica e política levam confiança do consumidor paulistano ao menor índice desde 2003

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São Paulo, 20 de Março de 2015 – A confiança do consumidor paulistano despencou 15% em relação a março do ano passado e chegou a patamares de outubro de 2003 (104,7 pontos), quando a economia brasileira, assim como hoje, também passava por um período de ajustes e incertezas. É o que revela o Índice de Confiança do Consumidor produzido mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Neste mês, o índice registrou 106,9 pontos, contra 125,8 pontos no mesmo período de 2014. Na comparação com fevereiro deste ano (112,9 pontos), o indicador recuou 5,3%.

Na avaliação da assessoria econômica da FecomercioSP, os atuais ajustes econômicos, a aceleração da inflação, a contenção do crédito e as taxas de juros elevadas atingem diretamente a vida financeira dos consumidores e, por tabela, o espaço no orçamento para novas compras. Além disso, a queda do ICC também parece estar relacionada ao momento de instabilidade socioeconômica em que o Brasil se encontra.

De acordo com dados recentemente divulgados pelo Datafolha, subiu para 60% em março o porcentual de brasileiros que acreditam em uma piora na situação econômica do País. Esse número era de 55% em fevereiro, 33% em dezembro do ano passado e apenas 15% em outubro, quando eram realizadas as eleições presidenciais. As expectativas mais pessimistas em relação à economia afetaram diretamente a avaliação do Governo. No Sudeste, apenas 10% dos entrevistados, em março, avaliaram positivamente a atual administração federal, contra 35% em fevereiro do ano passado. No mesmo período, o ICC passou de 136,4 para 106,9, queda de 21,7%.

Neste mês, a retração do ICC foi acentuada em razão da queda nos dois subíndices que compõem a pesquisa: o Índice de Condições Econômicas Atuais (ICEA) e o Índice de Expectativas do Consumidor (IEC). A percepção com relação à situação econômica atual registrou queda de 5,8%, ao passar de 109,7 pontos em fevereiro para 103,3 pontos em março. Em relação ao ano passado, o indicador despencou 22%.

Enquanto isso, o IEC, que avalia a expectativa do consumidor, registrou queda de 5% ao passar de 115,1 pontos em fevereiro para 109,3 pontos em março. Em comparação ao mesmo período do ano passado, o indicador registrou diminuição de 10%.

Para a assessoria econômica, a proximidade dos dois indicadores, ICEA e IEC, desde 2013, é um fato inédito em um cenário de queda da confiança. Até 2005, independentemente da percepção em relação às condições presentes, sempre havia a expectativa de condições financeiras melhores para o futuro. Contudo, as incertezas quanto ao cenário econômico parecem ter representado uma ruptura desta lógica, o que deixa o consumidor inseguro quanto ao futuro da economia.

Queda generalizada da confiança
A queda da confiança em março foi generalizada, tendo sido observada em todos os segmentos de renda, idade e gênero pesquisados. A percepção com relação à condição econômica atual dos consumidores com idade superior a 35 anos e das mulheres voltaram para a zona de pessimismo. O indicador registrou quedas de 4,8% e de 3,5%, respectivamente, em comparação a fevereiro deste ano.

Em relação às avaliações futuras, as quedas mais acentuadas ficaram por conta daqueles consumidores com renda familiar inferior a dez salários mínimos e dos consumidores com idade igual ou superior a 35 anos: queda de 6% no primeiro caso, ao passar de 119,8 pontos em fevereiro para 112,5 pontos em março; e queda de 6,1% no segundo caso, com o IEC passando de 111,6 pontos em fevereiro para 104,7 pontos em março.

Metodologia
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde 1994. Os dados são coletados de aproximadamente 2,1 mil consumidores do município de São Paulo. O objetivo da pesquisa é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta as condições econômicas atuais e as expectativas quanto à situação econômica futura.

Os dados são segmentados por nível de renda, sexo e idade. O ICC varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, apresenta-se em: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e para a formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas.

A metodologia do ICC foi desenvolvida com base no Consumer Confidence Index, índice norte-americano que surgiu em 1950 na Universidade de Michigan. No início da década de 1990, a equipe econômica da FecomercioSP adaptou a metodologia da pesquisa norte-americana à realidade brasileira. Atualmente, o índice da Federação é usado como referência nas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), responsável pela definição da taxa de juros no País, a exemplo do que ocorre com o aproveitamento do CCI pelo Banco Central.

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