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24/09/2015Inflação castiga as famílias mais pobres na Região Metropolitana de São Paulo
São Paulo, 25 de setembro de 2015 – Em agosto, o Custo de Vida por Classe Social (CVCS) desacelerou pelo segundo mês consecutivo com variação de 0,28% ante os 0,78% de julho e os 0,91% observado em junho. Nos últimos doze meses, o CVCS atinge variação acumulada de 9,65%. A pesquisa é realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Entre os nove grupos analisados, Alimentação e bebidas registraram variação de 0,45% e por ter o maior peso no orçamento familiar (cerca de 22%) foi o principal responsável pela alta do indicador no mês. O segmento de Habitação – que compromete aproximadamente 17% do orçamento das famílias – manteve-se mais uma vez como um dos principais responsáveis pela alta do CVCS e encerrou agosto com 0,49% de elevação. Este grupo atinge alta de 17,31% em 2015, a maior dentre todos os demais grupos avaliados.
Outra relevante contribuição de alta foi oriunda da atividade de Saúde, cujo acréscimo em agosto foi de 0,65%. O segmento representa cerca de 13% do total do orçamento das famílias e atinge alta de 6,5% em 2015 e 8,09% nos período dos últimos doze meses. Estes três grupos, somados, chegam a comprometer pouco mais da metade de todo o orçamento familiar médio na Região Metropolitana de São Paulo, e suas variações explicam praticamente todo o aumento observado no indicador em agosto.
Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, exatamente como se constatou na primeira metade do ano, os preços enfrentam um cenário de disseminação de altas persistentes, características típicas de um processo inflacionário. Aliás, as altas mais expressivas se concentram em bens essenciais que não podem ser substituídos. Isso faz com que o poder de compra das famílias continue cada vez mais restrito e favorece o arrefecimento da atividade econômica.
Os dados do CVCS mostram ainda que o aumento só não foi mais expressivo devido ao recuo verificado em Transporte (-1,07%), o que favoreceu de forma significativa a desaceleração da inflação. Isso porque o peso desta atividade é de aproximadamente 22%, praticamente similar ao peso do grupo Alimentação e bebidas.
Ao contrário do que era observado nos meses anteriores, a avaliação do CVCS por estratos sociais revela que as classes A e B foram as mais impactadas em agosto, ao apresentarem elevação de 0,34% e 0,46%, respectivamente. Já as que recebem rendimento mais modesto, classes D e E, encerraram o oitavo mês do ano com -0,01% e 0,04%, respectivamente. Muito embora as classes A e B tenham sido as mais impactadas em agosto, no cômputo do acumulado do ano as classes C (9,91%); E (11,07%) e D (11,12%) se mantiveram com altas acima da média geral, que é de 9,65%.
Os serviços mantiveram seu protagonismo na composição do custo de vida em agosto, com elevação de 0,33%, frente ao incremento de 0,23% nos preços dos produtos. Nos últimos 12 meses, o IPV atinge 7,04% e o IPS, 12,47%.
IPV
Com uma discreta aceleração, os preços no varejo paulistano, calculados pelo IPV (Índice de Preços no Varejo), encerraram agosto com variação positiva de 0,23%, tendo em vista a alta de 0,16% observada em julho. Em 2015, os preços dos produtos acumulam 5,25% e em 12 meses a alta é de 7,04%. O índice completa um ano de altas, já que o último decréscimo havia sido observado em agosto do ano passado, quando assinalou -0,28% de variação.
Dentre os oito grupos mensurados pelo IPV, somente o de Transporte (-0,55%) descreveu variação negativa em agosto. A disseminação de altas atingiu os grupos Artigos de residência (1,24%), Alimentação e bebidas (0,25%), Habitação (0,87%), Saúde e cuidados pessoais (0,41%), Vestuário (0,40%), Despesas pessoais (0,39%) e Educação (0,42%).
Observando o IPV segmentado por estratos sociais, nota-se que as classes de renda A e B foram as que menos sentiram as pressões nos produtos, encerrando o oitavo mês do ano com alta de 0,12% e 0,19%, respectivamente. Por outro lado, as classes de renda E, D e C acusaram alta de 0,36%, 0,34% e 0,28%, respectivamente superior à média geral observada de 0,23%.
IPS
O Índice de Preços de Serviços (IPS) encerrou agosto com alta de 0,33% e média mensal de 1,15% nos oito meses do ano. O IPS atinge variação acumulada de 9,56% em 2015 e de 12,47% nos últimos doze meses.
Com os preços dos serviços crescendo a uma média de 0,33%, a segmentação por estrato de renda revela que as classes E, D e C foram as que menos sentiram a alta, com variação de -0,44%, -0,54% e 0,27%. Já as classes A e B encerraram o período com incremento de 0,53% e 0,71%, respectivamente.
Para a FecomercioSP, a situação pouco se alterou, muito embora tenha havido um arrefecimento mais contundente nos serviços, que vinham sendo os principais vilões do custo de vida. Mais uma vez, o que se observa é que as principais influências não se originam em pressões na demanda, que segue desaquecida com a redução do dinamismo da economia.
Metodologia
O Custo de Vida por Classe Social (CVCS), formado pelo Índice de Preços de Serviços (IPS) e pelo Índice de Preços do Varejo (IPV), utiliza informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE e contempla as cinco faixas de renda familiar (A, B, C, D e E) para avaliar os pesos e os efeitos da alta de preços na região metropolitana de São Paulo em 247 itens de consumo. A estrutura de ponderação é fixa e baseada na participação dos itens de consumo obtida pela POF de 2008/2009 para cada grupo de renda e para a média geral. O IPS avalia 66 itens de serviços, e o IPV de 181 produtos de consumo.
As faixas de renda variam de acordo com os ganhos familiares: até R$ 976,58 (E); de R$ 976,59 a R$ 1.464,87 (D); de R$ 1.464,88 a R$ 7.324,33 (C); de R$ 7.324,34 a R$ 12.207,23 (B); e acima de R$ 12.207,24 (A). Esses valores foram atualizados pelo IPCA de janeiro de 2012. Para cada uma das cinco faixas de renda acompanhadas, os indicadores de preços resultam da soma das variações de preço de cada item, ponderadas de acordo com a participação desses produtos e serviços sobre o orçamento familiar.
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