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27/10/2014Intenção de consumo das famílias sobe, mas segue abaixo de 2013
Pesquisa da FecomercioSP aponta que o pior momento parece ter passado, mas inflação e juros altos impactam diretamente o poder de compra
Pelo segundo mês consecutivo, as famílias paulistanas demonstram recuperar a intenção em consumir bens e serviços. Entretanto, essa disposição ainda é menor do que a registrada em outubro de 2013, como indica pesquisa realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou leve alta de 0,6% de setembro para outubro e atingiu 110,1 pontos. Já no comparativo anual, o patamar atual é 12,2% menor do que o observado em outubro de 2013, quando naquele mês o ICF registrou 125,3 pontos.
O indicador vai de zero a 200 pontos, em que abaixo de 100 pontos é considerado insatisfatório e acima de 100 pontos, satisfatório.
Apesar de ainda estarem próximos à zona de insatisfação, vários itens que compõem o ICF apresentaram melhora em outubro. O maior destaque foi na Perspectiva de consumo, com alta de 4,1% e 106,5 pontos. O Nível de consumo atual subiu 0,4%, porém, sua pontuação alcançou 83,3 pontos, resultando no 21º mês seguido abaixo dos cem pontos.
Dos itens ligados ao emprego, Emprego atual avançou 1,1%, enquanto Perspectiva profissional obteve elevação de 2,2%. Também avançaram no mês, mesmo que levemente, Renda atual e Acesso a crédito. O primeiro teve ligeira variação de 0,3%, chegando aos 123,4 pontos. O segundo subiu 1% em relação a setembro, com 123,1 pontos.
O único item do ICF que ficou abaixo do registrado em setembro foi o Momento para duráveis, que caiu 5,7%, para 88,1 pontos. Este é o sexto mês consecutivo abaixo dos cem pontos e se aproxima do recorde negativo de 87 pontos vistos em julho deste ano. Segundo a assessoria econômica da Entidade, essa marca indica que as famílias ainda consideram que é um mau momento para comprar bens como geladeira, fogão e carro.
Na comparação com outubro de 2013, apenas um item (Emprego atual) registrou crescimento (3,1%). Todos os outros tiveram retração de dois dígitos, que variam de -11,6%, no item Nível de consumo atual, a -23,7%, no item Momento para duráveis.
Na avaliação por faixa de renda, há divergência na satisfação com as condições econômicas. As famílias que ganham até dez salários mínimos apontaram recuo de 0,2%, atingindo 111,6 pontos, enquanto as que recebem acima de dez salários mínimos registraram elevação de 3,3%, subindo para 105,6 pontos.
Os economistas da FecomercioSP sinalizam que esta é a 17º vez em 18 meses que as famílias com renda maior estão menos satisfeitas. A justificativa para a percepção é que quem possui mais renda, em sua maioria, tem mais conhecimento sobre pontos da economia – como Bolsa de Valores, PIB e câmbio, por exemplo. Por isso, consegue perceber mais nitidamente os reflexos de uma conjuntura econômica desfavorável com os principais indicadores em tendência de queda.
Essa segunda elevação consecutiva do ICF indica que o fundo do poço parece ter passado com o menor valor histórico em agosto, mas a Entidade observa que não há motivos para comemorar. O indicador ainda está baixo historicamente e muito menor do que em relação ao mesmo período do ano passado. Vale lembrar também que as vendas de fim de ano, data mais importante do varejo, aproximam-se e o consumidor menos satisfeito tende a reduzir as suas compras.
A Federação ainda destaca que impactam diretamente no poder de compra das famílias a inflação acumulada em 12 meses na região metropolitana de São Paulo, que atingiu 6,7% em setembro, e o aumento de 9,2% no grupo com maior peso no orçamento doméstico, Alimentos e bebidas. A economia crescendo muito pouco e os juros altos também contribuem para o desestímulo ao consumo.
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