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15/12/2015Intenção de financiamento sobe, mas consumidor segue conservador
São Paulo, 16 de dezembro de 2015 - Após ter caído abruptamente em outubro, um mês em que as vendas de Natal começam a ser planejadas, e ter ficado praticamente estável em novembro, a intenção de financiamento subiu levemente em dezembro. É o que mostra a Pesquisa de Risco e Intenção de Endividamento (PRIE), apurada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), segundo a qual o Índice de Intenção de Financiamento atingiu 16,9 pontos, alta de 7,2% na comparação com novembro.
De acordo com a assessoria econômica da Federação, a maioria dos consumidores começa a pensar nas compras de Natal no início de dezembro e, neste momento, muitas famílias relaxam um pouco no conservadorismo e acabam buscando financiamentos. É momento também que a oferta de crédito melhora um pouco por causa da entrada dos recursos do 13º. Muitos consumidores também podem já estar antevendo a necessidade de tomar crédito para arcar com os impostos e demais gastos concentrados no início do próximo ano.
Ainda assim, comparado com dezembro do ano passado, o índice registrou queda de 20,7%, reflexo da crise econômica e da menor disposição dos consumidores a consumir. Apenas 8% dos entrevistados em dezembro mostraram disposição para contrair dívidas nos próximos três meses, ante 10,2% no mesmo mês de 2014.
A segurança de crédito também tem se mantido abaixo do que era verificado no mesmo período - o Índice de Segurança de Crédito caiu 14,7% na comparação com dezembro de 2014. Isso porque as famílias fizeram saques de suas poupanças ao longo de 2015 e o "colchão" para emergências está se reduzindo. Para a assessoria econômica, esse comportamento deve ser acompanhado de perto, pois essa poupança de endividados e de não endividados é a última resistência dessas famílias antes de uma eventual insolvência.
Com o aperto da inflação, que se mantém muito elevada nos últimos meses, e com o aumento do desemprego, a tendência é de que a situação se agrave no início do ano que vem. O fator decisivo neste momento é a destinação do 13º salário. Como muitos consumidores têm declarado que preferem pagar dívidas a fazer compras, a tendência é de que esses recursos, embora não se revertam em aumento das vendas, ao menos colaborem para a inadimplência não se tornar um problema imediato.
Em dezembro, os endividados tiveram uma melhora na capacidade de poupança (elevando a segurança), enquanto os não endividados aparentemente lançaram mão de recursos poupados para diminuir a necessidade de crédito para as compras de Natal. Ainda assim, houve queda na média do indicador de segurança, com retração líquida da proporção de famílias com poupança.
Para a FecomercioSP, o grau de conservadorismo do consumidor foi uma das poucas notícias econômicas positivas de 2015. Ao longo dos últimos dois anos, o paulistano se endividou menos, antecipando um futuro mais complicado, que, em parte, já se apresenta na forma de aumento do desemprego. Mesmo com menos dívidas, a inflação de 2015 corroeu o orçamento doméstico e não foi possível para o consumidor manter a mesma reserva que havia feito ao fim de 2014, o que reduziu a segurança de crédito.
O cenário ainda não é grave para o sistema financeiro, porém, economistas da Entidade ponderam que a situação começa a preocupar por causa do aumento do desemprego e da queda da poupança, que tende a se acentuar em 2016 e elevar a inadimplência da pessoa física.
Aplicações
A poupança continua a ser a aplicação preferida dos entrevistados e voltou a subir nas preferências no mês de dezembro após muitas pessoas terem direcionado seus recursos para outras aplicações de renda fixa ao longo do ano - o porcentual de entrevistados cuja principal aplicação é a poupança passou de 71,2% em dezembro de 2014 para 67,8% em novembro; e 73,1% em dezembro de 2015. A assessoria econômica ressalta, porém, que o indicador tem volatilidade e o dado de um único mês não pode ser tomado como tendência. Por isso, a análise exige cuidado, já que não há, de fato, motivo para que o comportamento tenha mudado tão rapidamente. Provavelmente essa elevação da preferência por aplicações em caderneta de poupança seja pontual. Certamente a poupança ainda tem a preferência da maioria, mas a tendência é de que, enquanto os juros se mantiverem elevados, haja migração para aplicações de renda fixa, mais rentáveis.
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