Editorial
29/12/2022Meio ambiente e geração de emprego
Brasil já possui cerca de 1,2 milhão de empregos gerados por energias renováveis
Por José Pastore*
Na 15.ª Conferência da ONU sobre biodiversidade recentemente realizada no Canadá, 200 países se comprometeram a proteger 30% do planeta até 2030. Para tanto, foi criado um fundo de US$ 20 bilhões anuais, apenas o primeiro passo para realizar a monumental tarefa.
O modo mais efetivo para limpar a atmosfera se baseia na fixação do carbono pelas árvores. Nesse campo, o Brasil é privilegiado pelo clima e pela extensão territorial. Aqui podem ser formadas imensas reservas florestais entre cinco e dez anos, o que na Europa demoraria 40 anos.
Essa é a tese de Jorge Caldeira, Julia M. Sekula e Luana Schabib no livro Brasil, Paraíso Restaurável, Editora Sextante, 2020. Os autores alertam para a monumental guinada que já ocorre na economia mundial em direção às energias limpas e renováveis — hídrica, eólica, solar, biomassa e outras. Ninguém mais quer investir em energias sujas e sobram recursos para turbinar uma civilização ecológica. Trata-se de uma verdadeira revolução no modo de pensar e agir dos investidores.
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Plantar e manejar árvores que retiram carbono do ar constitui a principal maneira de controlar os problemas climáticos. Além disso, a economia de carbono neutro ajuda a criar empregos e renda. É verdade que na substituição da energia suja pela limpa, há destruição de empregos da primeira. Mas, no final, o balanço é positivo.
Estudo recente mostra que o Brasil já possui cerca de 1,2 milhão de empregos gerados por energias renováveis (International Renewable Energy Agency, Renewable energy and Jobs, Abu Dhabi, 2022). Esse montante subirá de modo exponencial com novos investimentos em reflorestamento e com a manutenção do exitoso agronegócio. Unir lavoura, pasto e floresta é perfeitamente viável no Brasil (Eliane Sobral, Integração com floresta dá dinheiro ao agro, Valor, 21/12/22). Adicionalmente, essas atividades estimulam a indústria, o comércio e os serviços de várias regiões, permitindo, a um só tempo, limpar a atmosfera, alimentar o mundo, criar empregos e gerar renda de forma sustentável.
O Brasil é o único país com esse potencial. Mas, é claro, para chegar a um “paraíso restaurado”, é crucial implementar políticas adequadas e de forma contínua para atrair os grandes investidores que já decidiram ficar de bem com a natureza.
*José Pastore é Presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da FecomercioSP.
Artigo originalmente publicado no jornal O Estado de S. Paulo em 29 de dezembro de 2022.
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