Depois de nove aumentos, a taxa básica de juros (Selic) pode ser mantida nos 11% anuais. Essa é a expectativa dos economistas da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (Bacen) sobre a Selic será anunciada amanhã à noite, após reunião que se inicia hoje.

Para a assessoria econômica da Entidade, se for confirmada a previsão, os membros do Copom estarão sinalizando que chegaram ao fim desse ciclo de altas. Apesar de ser um remédio amargo, as sucessivas elevações da taxa básica de juros até o momento foram eficientes para que não se perdesse o controle inflacionário. A Federação reforça o apoio à atuação consistente do Bacen para a recuperação de parte dos fluxos de capitais, sobretudo financeiros, o que tem aliviado a pressão cambial sobre a inflação.

Ainda de acordo com os economistas da FecomercioSP, nos últimos meses o Comitê enfrentou dificuldades maiores por causa da política fiscal expansionista, com o governo gastando mais do que arrecada de forma crescente. Além disso, o cenário foi prejudicado com o aumento da percepção de risco da economia brasileira pelos investidores estrangeiros. Também contribuíram negativamente alguns represamentos de preços, como o da gasolina, e de tarifas do transporte público, por exemplo.

Mesmo que em patamares elevados, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tem crescido em proporção menor que a verificada no começo do ano, demonstrando que as decisões dos membros do Copom nas últimas reuniões foram corretas. Mas os economistas da Federação alertam que o sucesso desse processo de combate à inflação ainda levará um tempo e requer postura firme do Bacen, demonstrando disposição de garantir austeridade diante de qualquer soluço inflacionário, inclusive com a retomada de eventual ciclo de altas da Selic, caso seja necessário.