O relatório Desafios enfrentados por mulheres e empresas de mulheres no acesso a mercados internacionais questionou mais de 1.300 participantes dos países do G20 sobre o tema para traçar um panorama da presença feminina no comércio exterior. Realizada no quarto trimestre do ano passado pelo B20, grupo representante do setor privado dentro do G20, a pesquisa identificou desafios em quatro áreas principais:

·         Acesso à informação: na comparação entre os gêneros, 54% das mulheres entrevistadas relataram dificuldade para participar de treinamentos sobre comércio internacional, ante 36% dos homens com a mesma queixa. Custos e responsabilidades com os familiares representam os maiores obstáculos.

·         Acesso a oportunidades de negócio: 60% das mulheres questionadas disseram enfrentar dificuldade para identificar, negociar e fechar contratos internacionais. Os grandes entraves nesse quesito são o viés de gênero e, novamente, as responsabilidades com os familiares.

·         Acesso a financiamento: 60% das mulheres afirmam ter dificuldade para obter crédito, contra 40% dos homens que têm o mesmo problema. As maiores barreiras relatadas são a falta de garantia para empréstimos e desconforto ao apresentar propostas para investidores, além de reportarem experiências de assédio e viés de gênero.

·         Conformidade com procedimentos alfandegários e regulatórios: 43% das pesquisadas indicaram que seus negócios são afetados por desafios relacionados a procedimentos alfandegários e regulações tarifárias e não tarifárias, em comparação aos 21% dos homens.  

Além disso, a pesquisa identificou que negócios liderados por mulheres costumam operar no setor de serviços, que tradicionalmente exporta menos do que a indústria e a agricultura. Há, ainda, uma diferença de porte: 70% das empresas dirigidas por mulheres têm menos de 10 funcionários, enquanto quase 30% das empresas comandadas por homens têm mais de 500 funcionários. Empresas menores enfrentam custos fixos mais altos e têm menos acesso a informações e financiamento, o que limita ainda mais sua competitividade no comércio internacional.

Cenário nacional
Em fevereiro de 2025, o Brasil completou um ano de participação no Global Trade and Gender Arrangement (GTAGA), que visa a promover políticas comerciais que favoreçam a equidade de gênero, aumentando a presença feminina no comércio internacional. O GTAGA foi criado em 2020, por Canadá, Chile e Nova Zelândia, e hoje também inclui Argentina, Colômbia, Costa Rica, Equador, México e Peru.  

Outra iniciativa brasileira foi o lançamento do programa Mulheres e Negócios Internacionais, desenvolvido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), para capacitar e apoiar mulheres empreendedoras na inserção de seus negócios no mercado global, oferecendo treinamentos, consultorias e oportunidades de networking.

Como forte incentivadora do empreendedorismo feminino, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) sediou, em novembro de 2024, um evento sobre o tema, envolvendo representantes e pesquisadoras do Banco Mundial e empresárias brasileiras, para a troca de informações e a apresentação do relatório anual do banco sobre empreendedorismo feminino no mundo.