Economia
01/11/2019Sem uma modernização profunda no ambiente de negócios, surgimento e crescimento de empresas serão atravancados, afirma Otaviano Canuto
Em entrevista ao UM BRASIL, ex-diretor do Banco Mundial discute agenda para que o País se recupere no “Doing Business”
Ele ressalta que, nas condições atuais, o investimento estrangeiro não vem ao Brasil com a intenção de buscar eficiência produtiva
A queda em 15 posições do Brasil no relatório “Doing Business” 2020, divulgado no fim de outubro – que mostra que o Brasil foi da 109ª para a 124ª posição –, é um sinal de alerta. O resultado aponta que o País pode não conseguir ter um ambiente de negócios mais fácil e mais próximo ao de nações desenvolvidas. Isso porque o esforço para aumentar a competitividade e a produtividade ainda não é suficiente. O tempo gasto com pagamento de impostos (184ª posição) ou com procedimentos para a expansão de uma empresa, como a obtenção de alvará de construção (170ª posição), são exemplos das dificuldades enfrentadas pelos empreendedores em território nacional.
A melhora do ambiente de negócios é um tema discutido de forma recorrente nesses cinco anos do canal UM BRASIL, uma iniciativa da FecomercioSP. Em entrevista à plataforma, em 2017, o ex-diretor executivo do Banco Mundial, Otaviano Canuto, aponta vários desses problemas e lembra ainda que sem uma modernização profunda nas questões ligadas ao empreendedorismo – combinada com infraestrutura –, o surgimento de novas empresas e a mudança de categoria de micros para pequenos ou médios negócios serão atravancados.
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Uma agenda que reverta essa situação foi tema dessa entrevista com Canuto, que se debruçou sobre as melhores ações possíveis para que a regulamentação e burocratização no País deixem de ser impeditivas à atividade empresarial e parem de sufocar o crescimento dos negócios.
O bate-papo foi realizado em parceria com a Columbia Global Centers | Rio de Janeiro, braço da Universidade Columbia (Nova York). Segundo Canuto, o Brasil precisa acabar com uma estrutura de proteção ao mercado interno, uma vez que o tão necessário investimento estrangeiro não vem ao Brasil com a intenção de buscar eficiência produtiva.
Para ele, a situação é preocupante, tendo em vista que o Brasil “é o país mais fechado do mundo, entre as nações comparáveis, na área de comércio”, diz. O economista comenta que apesar dos avanços recentes, como em relação ao tempo gasto em operações de importação e exportação, o “restante do mundo está fazendo isso e ainda mais”.
“Não existe experiência histórica no mundo, no século 20 para o 21, de país que tenha passado de nível médio para renda alta sem estar integrado comercialmente”, aponta. Canuto também atuou como diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), vice-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e secretário para assuntos internacionais do Ministério da Fazenda. Confira essa conversa na íntegra:
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