Economia
10/04/2018Crescimento do Poder Judiciário no mundo é inevitável, diz Octavio Ferraz
O professor de Direito Público e Direitos Humanos do King's College London, Octavio Ferraz, conversa com o UM BRASIL sobre o tema e diz que o fenômeno é tema constante de debate
Na visão do especialista, a judicialização pode fortalecer ou enfraquecer a democracia
(Arte: TUTU)
O crescimento do Poder Judiciário no mundo é inevitável e está acompanhado de um debate constante sobre a judicialização da política. Essa é a conclusão do professor de Direito Público e Direitos Humanos do King's College London, Octavio Ferraz, ao UM BRASIL. A entrevista faz parte de uma série gravada em fevereiro no Brazil Institute, centro de pesquisa sediado pela instituição no Reino Unido.
Em entrevista ao jornalista André Rocha, o professor diz que a expansão do Poder Judiciário tem pontos negativos e positivos e que a atuação em cada país deve ser analisada. “É inevitável que ele [Judiciário] comece a atravessar barreiras que são um pouco cinzentas. Elas podem tanto contribuir para o fortalecimento da democracia, do Estado de Direito, como podem criar atritos que podem enfraquecer”, afirma.
Veja também:
Brasil precisa de uma classe política que obedeça à Lei
Maturidade democrática é necessária e urgente no País
No Brasil, o processo teve início com a promulgação da Constituição de 1988 e seguiu a tendência mundial da atuação do Judiciário em assuntos como educação, saúde e moradia, que antes eram temas políticos. ”A Constituição é muito rica nos direitos, e isso é bem-vindo, mas um efeito colateral que pode virar problemático é a interferência do Judiciário nessas outras questões”, explica Ferraz.
O especialista enxerga a situação brasileira com certo receio em razão do comportamento dos magistrados. Ele ressalta que, em muitos países, os juízes são conhecidos por suas atuações em casos polêmicos e importantes, como o caso “Brown v. Board of Education”, de 1954, quando a Suprema Corte dos Estados Unidos declarou escolas públicas segregadas como inconstitucionais. Ferraz destaca que aqui muitos juízes têm ganhado notoriedade de outra forma.
“Quando eles estão batendo boca um com o outro ou estão adotando decisões muito polêmicas e que invadem, às vezes, a seara do que numa democracia seria considerada questões política, e não jurídicas, aí eu vejo com preocupação. Não é uma atividade que o judiciário deveria conduzir.”
Ferraz não acredita que uma nova constituinte seja a solução para os problemas. “Sou um pouco avesso a essa tendência de achar que tudo se concerta com reformas legislativas e constitucionais. Aqui, na Inglaterra, nem constituição eles têm. Tudo se resolve politicamente, com discussão. É isso que falta no Brasil”, finaliza.
Confira a entrevista na íntegra:
Ao mencionar esta notícia, por favor referencie a mesma através desse link:
www.fecomercio.com.br/um-brasil/materias/crescimento-do-poder-judiciario-no-mundo-e-inevitavel-diz-octavio-ferraz
Notícias relacionadas
-
Mercado
Projeções de vendas do Dia das Crianças estão em alta
Valor, que representa expansão em comparação ao mesmo período de 2023, reflete cenário econômico estável
-
Brasil
Crise habitacional exige planejamento e investimentos
BrasilElevação da Selic preocupa o Bacen com excesso de demanda
BrasilInflação, gastos e eleição dos EUA geram aumento da Selic
Recomendadas para você
-
Mercado
Ânimo dos empresários com vendas do final do ano cresce
Índice da FecomercioSP cresce pelo terceiro mês consecutivo, apontando aumento da confiança do Comércio
-
Modernização do Estado
Reunião Plenária: Maílson da Nóbrega analisa cenário global
Resiliência e capacidade para realizar reformas são fundamentais para o Brasil superar a instabilidade
-
Brasil
No Brasil, profissões ligadas à tecnologia cresce até 740% em dez anos
Estudo produzido pela FecomercioSP mostra impacto da digitalização da economia sobre o emprego
-
Modernização do Estado
FecomercioSP convoca empresariado para assinar a carta aberta
Em evento no Sescon-SP, Entidade reforça a relevância da modernização do Estado e apresenta medidas