Economia
21/06/2019Fim do financiamento privado de campanhas muda perfil de candidatos eleitos
George Avelino, da FGV, e Daniel Hidalgo, do MIT, analisam temas pertinentes ao financiamento, como a transparência em torno da movimentação e distribuição de dinheiro nas campanhas
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Debate aprofundou pautas como a transparência em torno da movimentação e distribuição de dinheiro nas campanhas
(Foto: Christian Parente)
O Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu em 2015 o financiamento eleitoral proveniente de fontes privadas, pondo um fim à relação entre partidos políticos e empresas doadoras. Após essa mudança, o sistema está passando por transformações que vão desde a redução das disparidades entre as candidaturas até a mudança no perfil dos políticos tradicionalmente eleitos. Essa é a avaliação feita por especialistas durante debate no canal UM BRASIL.
O professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e coordenador do Centro de Política e Economia do Setor Público (Cepesp), George Avelino, e o professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT) Daniel Hidalgo repercutem no debate o estudo “O poder do dinheiro nas campanhas eleitorais”, realizado pela FGV e pela Fundação Brava.
Avelino explica que a competição em nosso sistema eleitoral é muito restrita, mas a mudança no modo como as campanhas são financiadas trouxe uma melhora nesse aspecto, uma vez que a influência do dinheiro de origem privada não tem sido mais tão decisiva.
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Ele enfatiza que os candidatos tradicionais foram os que mais perderam com isso, isto é, homens brancos, com mais educação formal e facilidade de acesso aos recursos oriundos das empresas financiadoras. Ele aponta que, até então, esses eram os elementos que facilitavam o acesso a esses recursos privados e, consequentemente, tornavam o candidato mais acessível ao eleitorado.
Já Hidalgo avalia que essa mudança no financiamento trouxe um equilíbrio muito importante para a democracia, uma vez que, no sistema anterior, boa parte dos recursos se concentrava nas mãos de poucos atores. Ele diz que uma questão importante para o debate é como o dinheiro público está sendo distribuído aos candidatos e como essa decisão está sendo tomada nos partidos.
“Atualmente, não há muita transparência na maneira como os líderes dos partidos decidem a quantia que cada candidato recebe. Dado que hoje em dia grande parte desse dinheiro vem dos eleitores, a transparência na tomada de decisões é essencial tanto para os candidatos quanto para os eleitores”, pondera.
Sobre a participação das mulheres após essa mudança no STF, Avelino explica que a mudança na legislação eleitoral teve um efeito positivo. “De um modo geral, eu diria que uma mulher, hoje, tem mais chances de se eleger do que no passado. Considerando a disponibilidade de recursos, a competição é mais equilibrada, mas ainda há uma enorme desigualdade, de modo geral”, explica.
Essa entrevista foi destaque nesta sexta-feira (21) na Folha de S.Paulo. Veja aqui.
Confira o debate na íntegra!
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