Economia
04/02/2022Política econômica tem de ser apertada para impedir descontrole inflacionário
Ao Canal UM BRASIL, Heron do Carmo, economista e membro do CEEP, afirma que País deve evitar que perspectiva de inflação seja superior ao índice passado
"Pior é quando você tem uma inflação alta e a perspectiva à frente é de continuar elevada", afirma Heron do Carmo
(Divulgação)
Com alta de dois dígitos em 2021, a inflação voltou a assombrar a vida dos brasileiros. O problema, no entanto, não é novo no País. Ao longo de sua história, o Brasil conviveu com taxas superiores à média mundial. Na avaliação de Heron do Carmo, economista e membro do Conselho de Economia Empresarial e Política (CEEP), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), mesmo que o País não registre taxas tão elevadas como no passado, a política econômica precisa se manter vigilante, de modo a evitar que a perspectiva seja de altas ainda mais intensas.
“O importante não é a inflação do ano, pois ela pode ser afetada por diversos fatores, como a pandemia e a crise hídrica, mas quais as perspectivas à frente”, afirma o especialista, em entrevista ao Canal UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP.
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“A inflação prevista para 2022, mesmo nas piores expectativas, é muito menor do que a inflação passada. O pior é quando você tem uma inflação alta e a perspectiva à frente é de continuar elevada”, complementa o economista, também professor sênior da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP).
Deste modo, Carmo, reconhecido com o um dos maiores especialistas em inflação do País, indica que, para conter processos inflacionários e baixar as expectativas dos próximos índices, o Estado precisa agir.
“O fundamental é que a política econômica seja apertada para não permitir que se repita a dose no período seguinte. Do contrário, entra-se num processo difícil de reverter”, sinaliza o economista.
Carmo explica que a inflação, que pode ser entendida como um processo de crescimento persistente do nível de preços, é um sintoma de algum problema grave na economia, como um desajuste entre oferta e demanda. Além disso, ao adotar políticas de convivência com a inflação – em vez de enfrentamento –, o Brasil, ao longo da história, prejudicou, sobretudo, a população mais pobre.
“A inflação penaliza a parcela da sociedade de menor poder aquisitivo. Até ouso afirmar que uma parte da resistência da desigualdade na sociedade brasileira se deve também ao comportamento da inflação. O País cresceu muito durante um tempo, mas sem que aquilo se refletisse numa redução mais expressiva da desigualdade, em parte justamente devido ao fenômeno inflacionário”, avalia o economista.
Assista à entrevista na íntegra e se inscreva no Canal UM BRASIL no YouTube.
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