Economia
24/08/2018Velha estrutura política ainda decide eleições, diz Cláudio Couto
Cientista político reconhece a importância da internet, mas afirma que exposição em rádio e TV tem peso significativo nas campanhas
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Peso das campanhas em rádio e TV, embora menor, não desapareceu por completo, segundo Cláudio Couto
(Foto: Christian Parente)
A utilização da internet como espaço de debate e de promoção política tem crescido e deve continuar crescendo nas próximas eleições. Contudo, o modelo tradicional de se fazer política no Brasil, sobretudo campanhas veiculadas no rádio e na televisão, segue exercendo impacto significativo nas disputas eleitorais. É o que diz o doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP) e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Cláudio Couto.
Em entrevista ao UM BRASIL, realizada em parceria com o InfoMoney, Couto ressalta que o horário político – que neste ano vai ao ar de 31 de agosto a 4 de outubro –, a despeito de o período de veiculação ter sido encurtado em função de alterações na legislação eleitoral, segue sendo importante para definição de campanhas vitoriosas.
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“Embora a audiência dos programas de TV e de rádio seja menor hoje do que foi no passado, do ponto de vista de que o peso disso seja relativamente menor, esse peso não desapareceu por completo”, afirma o cientista político, em entrevista a Humberto Dantas e Marcos Mortari. “O tempo que conta não é só de afirmação do candidato, mas de desconstrução do adversário. Então, o candidato que sofrer muitos ataques pode ter um declínio”, completa.
Nesse sentido, Couto explica que a “velha estrutura da política”, baseada em formação de coligações para ter mais tempo para campanha midiática, ainda traz resultados expressivos, mesmo que a população brasileira tenha reivindicado mudanças no sistema eleitoral.
“É uma eleição diferente [a presidencial de 2018] das anteriores do ponto de vista que há mais pulverização e incerteza, mas as velhas estruturas ainda funcionam. Uma amostra disso: todos os candidatos outsiders sumiram. Dizíamos um tempo atrás que esta era uma eleição mais propícia para outsiders, mas um por um eles foram desaparecendo”, salienta.
De acordo com Couto, a internet se mostra um recurso indispensável para os candidatos que dispõem de pouco tempo de exposição nas cadeias de rádio e TV. “Quem tem menos tempo pode replicar materiais via internet. Sobretudo para quem tem tempo diminuto, uma saída é produzir conteúdo replicável – coisas que as pessoas, por exemplo, reenviam por WhatsApp ou publicam em suas páginas no Facebook. É uma forma de driblar um pouco essa restrição muito draconiana que a legislação eleitoral recente colocou para os partidos menores”, comenta.
Confira a entrevista na íntegra a seguir:
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