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Economia

As origens da crise entre os Poderes e da polarização no Brasil

Para Creomar de Souza, o Poder Executivo tem sido a grande vítima, nos últimos 12 anos, da crise política instaurada no País

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As origens da crise entre os Poderes e da polarização no Brasil
O professor ainda lembra que a polarização e a crise política atuais estão ligadas a um passado recente marcado por golpes (Crédito: UM BRASIL)

Na opinião de Creomar de Souza, professor e sócio-fundador da Dharma Political Risk and Strategy, o Poder Executivo tem sido a grande vítima, nos últimos 12 anos, da crise política instaurada no País. 

“A Presidência sofreu dois processos de impeachment, Fernando Collor e Dilma Rousseff, num intervalo de tempo curto. Enquanto o Congresso, por exemplo, não sofre qualquer processo de dissolução. E o Judiciário vai ganhando prerrogativas”, explica.  

Segundo Souza, a mensagem que se passa para as instituições é que a Presidência, se errar demais, cai. Enquanto o Judiciário, ao tomar as decisões, independentemente de serem acertadas ou equivocadas, ganha poder. E o Legislativo, um terceiro personagem nessa história, entende que tem, de certa forma, o poder de gerar problemas para a Presidência.

“Isso alimenta um processo de muita confusão que se dá, sobretudo, nesta ideia de que o Executivo troca resistência por pedaço do orçamento”, conclui. 

O professor ainda lembra que a polarização e a crise política atuais estão ligadas a um passado recente marcado por golpes, que levou a um desenho constitucional que esvazia o papel dos militares e alça a Suprema Corte para um papel de árbitro.

Em entrevista ao Canal UM BRASIL — uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) —, Souza ainda reflete sobre as origens da polarização e os efeitos da instabilidade política sobre o setor empresarial. 

As causas da polarização

  • Nas falhas do Estado. O professor destaca que uma nação historicamente desigual, que tem dificuldade de prover justiça, educação e estabilidade decisória, projeta um ambiente em que todos encaram a vida e a política como uma “partida de futebol”. “Há muita emoção e, em algum sentido, a expectativa de que surja alguém que magicamente resolva todos os problemas”, observa. 
  • Questão cultural. Souza ainda explica que a ideia de líder do País como uma autoridade forte, que alimenta a polarização, tem raízes culturais — e, provavelmente, origem do Marquês de Pombal, ou da monarquia, com Dom Pedro I e Dom Pedro II. “A tradição política brasileira faz com que o cidadão espere que o presidente da República se comporte como ‘sua majestade, o presidente do Brasil’”, opina.
  • Construção de consensos. Avançar em agendas essenciais ao Brasil passa por superar a polarização. “É o principal desafio em uma era globalmente caracterizada por enorme incerteza. E qual o efeito direto da incerteza? O medo. E o efeito direto do medo é a dificuldade de conversar e de enxergar o diferente”, conclui. 

Empresas devem minimizar riscos 

  • Histórico. O professor também lembra que, durante muito tempo, os atores corporativos afirmavam que não queriam se meter com política no País. “O empresário buscava se isolar para se proteger e não se contaminar. Mas você fica refém das tomadas de decisão das quais não participa”, explica. 
  • Política faz o seu preço. Hoje, na dinâmica democrática, o sistema político convida o empresário a participar. “Quando há participação, existe um envolvimento de necessidades estruturais e paixões. Nesse processo, muita gente do mundo corporativo se viu sugada por uma dinâmica que pôs em jogo suas reputações. Em um país conjunturalmente instável, a política faz o seu preço”, diz Souza. 
  • Distanciamento emocional. Na opinião do especialista, a saída é entender o que está acontecendo, por meio de análises e dados, mantendo um nível de distanciamento que liberte o empresário da “pegada emocional”. “É preciso tirar essa camada. O problema é que estamos o tempo todo sendo pressionados por bolhas algorítmicas que reforçam o componente de emotividade.” 
  • Avaliação de riscos. Souza acredita que a saída para o mundo corporativo é usar da inteligência política para minimizar os riscos de cada escolha. “É preciso saber qual o nível de envolvimento que se quer ter. E, para cada nível de envolvimento, há um nível de risco. Toda a sociedade sofre com o risco político. A diferença é a mudança da natureza desse risco a depender dos atores, do tempo, da conjuntura e da estrutura”, conclui. 

Assista à entrevista completa.


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