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Economia

Regulação pode conter os perigos das plataformas digitais e da Inteligência Artificial

Para conter riscos e ameaças trazidas pelas plataformas digitais e pelo uso da IA, o jornalista defende a “regulação democrática” com respeito à liberdade de expressão

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Regulação pode conter os perigos das plataformas digitais e da Inteligência Artificial
Na opinião de Eugênio Bucci, as mentiras foram elevadas a outra escala pela indústria da desinformação, que tem as Big Techs como agentes centrais (Crédito: UM BRASIL)

“Estamos na era que fervilha a desinformação, que seduz, arrebata e mobiliza. É um tempo de fanatismo.” É assim que Eugênio Bucci, jornalista e professor na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), descreve os dias de hoje. 

Na opinião de Bucci, a mentira sempre existiu por ser inerente à linguagem. A diferença é que, agora, as máquinas nos ajudam a produzir desinformação em larga escala. “As Big Techs têm um papel central nesse contexto”, explica. 

A produção da desinformação no auge das redes sociais e da Inteligência Artificial (IA) é tema do seu mais recente lançamento A razão desumana: cultura e informação na era da desinformação inculta (e sedutora), publicado em junho deste ano.

Em entrevista ao Canal UM BRASIL — uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) —, o jornalista defende a regulação para conter riscos trazidos pelas plataformas digitais. 

Big Techs levam desinformação a outro nível

  • A mentira sempre existiu. Desde que existe a linguagem, existe a mentira, explica Bucci. “Mas a indústria da desinformação levou isso para outra escala — e tem as Big Techs como agente central”, diz. 
  • É uma estratégia arrebatadora. Essa indústria desenvolveu a ideia de que a mentira é mais prazerosa, sedutora e divertida. Já a verdade é chata, trabalhosa e traz desconforto, explica Bucci. 
  • Big Techs não são neutras. Na opinião do jornalista, as grandes empresas que comandam as redes sociais e as plataformas digitais servem ao dinheiro e visam ao lucro. Por isso, diferentemente da imprensa, elas não têm compromisso público com a informação. Pelo contrário, essas gigantes têm responsabilidade política pela disseminação da desinformação, ressalta.
  • Sem transparência. O jornalista acredita que é assim que operam essas empresas: com tecnologias cujo funcionamento ainda é desconhecido e sem prestação de contas sobre o uso de dados, aspectos danosos à democracia. 

Regulação à serviço da liberdade 

  • Novas tecnologias trazem riscos. “Tudo aquilo que representa alguma ameaça — como agrotóxicos, medicamentos e energia nuclear — precisam de regulação democrática”, explica. Bucci ainda destaca que as plataformas digitais e a IA trazem inúmeros perigos conhecidos, inclusive o de criar dependência em crianças e adolescentes.
  • Regulação é a saída. “Só existe uma forma de se proteger. O Estado tem de regular essas atividades, uma regulação democrática”, defende. “A democracia vai estipular regras para o funcionamento dessas tecnologias ou elas vão manipular abertamente os processos democráticos? Essa é a pergunta.” 
  • Vinculação com a censura é mito. Ao contrário do que diz o senso comum, Bucci lembra que regulação e liberdade andam lado a lado. “Na democracia, a regulação não põe em risco a liberdade de expressão. Onde não há regulação é que a censura prospera mais”, defende. 

Caminhos do jornalismo 

  • A IA pode facilitar a vida do jornalista. Mas a ferramenta precisa ser transparente quanto a seus mecanismos. “Não é leal que eu me valha de uma ferramenta que extraia de mim dados e, depois, faça dinheiro com isso”, opina. Além do mais, Bucci lembra que essas ferramentas já estão desempregando jornalistas e trabalhadores de softwares. Mas não só isso. 
  • O entretenimento substituiu a informação. Bucci acredita que isso é típico de uma sociedade imersa nas redes sociais, que já não sabe a diferença entre uma opinião e uma notícia. “O senso comum, atualmente, fala que tudo é uma questão de interpretação, de perspectiva, de narrativa”, afirma. 
  • Nem tudo é narrativa. “Há fatos e há interpretações dos fatos. Um fato é que a Terra tem subido a sua temperatura, os termômetros não estão à serviço de narrativas”, exemplifica. Para o jornalista, nesse universo, uma opinião infundada parece ter o mesmo valor que um “fato verdadeiramente verificado em um relato confiável e testável”. “E isso é muito preocupante”, conclui.

Assista ao debate.


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