Economia
27/09/2015Economia atual atinge patamares semelhantes aos de era Collor
Crescimento econômico atingiu pior média anual desde os anos 1990

Por Fabíola Perez
Após uma década de crescimento econômico, os brasileiros voltaram a uma crise. A taxa de desemprego aumentou e dados recentes mostram que o crescimento econômico durante o primeiro governo da presidente Dilma Rousseff atingiu média anual de 2,1%, a pior desde a gestão de Fernando Collor de Mello, em 1990, quando o produto interno bruto (PIB) teve média de 1,7%.
Em março deste ano, manifestantes foram às ruas pedindo o fim da corrupção e até mesmo o impeachment da presidente. “Existe uma semelhança entre os dois períodos no que se refere à natureza política, ambos os governos atingiram altos níveis de ingovernabilidade”, diz o economista do Insper, Otto Nogami.
Mas, segundo ele, economicamente os dois períodos têm características e medidas para enfrentar a crise diferentes. “Naquela época, a origem do problema estava no confisco da poupança que abalou os brasileiros e, hoje, as pessoas sofrem os efeitos de uma política fiscal contracionista”, explica.
A comparação entre os governos Dilma e Collor ganhou força quando as pressões de grupos que pediam o impeachment da presidente se intensificaram. Com a crise, o dólar em alta e a inflação batendo recordes, o clima de instabilidade e a falta de credibilidade assolaram os primeiros dias do atual governo. A partir disso, a polêmica em torno da possibilidade da renúncia de Dilma passou a ser amplamente discutida com base em denúncias de desvios de dinheiro público investigadas pela Operação Lava Jato.
Já em setembro de 1992, o primeiro presidente eleito por voto direto após o regime militar enfrentou a maior mobilização popular desde a campanha das Diretas Já, que culminou na renúncia de Collor.
Plano Collor
Um dia após a posse, Collor anunciou o plano Brasil Novo, o “Plano Collor”. A principal medida foi o confisco da poupança. “Foi uma crise muito séria, sem precedentes, todo o capital político angariado pelo primeiro presidente eleito depois do regime militar se esvaiu em consequência de um plano econômico agressivo”, afirma o professor de Economia da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP), Heron do Carmo.
No governo atual, o ajuste fiscal é apontado por resgatar medidas impopulares e causar prejuízos aos trabalhadores. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou a meta que resultará em corte de gastos com o Programa de Aceleração do Crescimento e benefícios sociais, entre outras medidas.
Cenário recessivo
Números revelam que se gastou do Orçamento Geral da União de 2013 cerca de 40% com o pagamento de juros e amortização da dívida. A dificuldade para governar existiu, segundo o especialista, em ambos os governos, mas a atual dívida interna é o principal responsável pelo baixo crescimento da atividade econômica. “A recessão será pelo menos até o fim de 2016”, prevê o economista da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), José Nicolau Pompeo.
Confira a reportagem na íntegra, publicada na edição nº 32 da revista Conselhos.
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