Notamos que você possui
um ad-blocker ativo!

Para acessar todo o conteúdo dessa página (imagens, infográficos, tabelas), por favor, sugerimos que desabilite o recurso.

Economia

Resiliência e capacidade para realizar reformas são fundamentais para o Brasil superar a instabilidade global

Segundo Maílson da Nóbrega, a despeito do cenário internacional e a situação fiscal interna, se bem conduzida, a economia brasileira pode emergir mais forte

Ajustar texto A+A-

Resiliência e capacidade para realizar reformas são fundamentais para o Brasil superar a instabilidade global
“A necessidade de reformas é imperativa. A Tributária surge como uma solução viável para melhorar a produtividade e a competitividade do Brasil no cenário global”, diz Maílson da Nóbrega durante a reunião plenária das diretorias da Entidade (Arte: TUTU / Foto: FecomercioSP)

Em meio a um cenário global de incertezas, exacerbado pelos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio e pela possibilidade de uma escalada de tensões envolvendo Taiwan e a China, o Brasil lida com questões econômicas estruturais. As dificuldades internas, como o estancamento da produtividade e uma situação fiscal preocupante, são agravadas pela complexidade geopolítica internacional, que inclui a reconfiguração das cadeias de suprimentos globais e a crescente polarização política nos Estados Unidos.

Ainda assim, o País tem, historicamente, demonstrado flexibilidade em momentos de crise. Essa é a análise do economista Maílson da Nóbrega — que também foi ministro da Fazenda no governo José Sarney —, que destacou as perspectivas da economia nacional durante a reunião plenária das diretorias da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), na última segunda-feira (23).

A capacidade de o governo liderar reformas estruturais, segundo Nóbrega, será essencial para garantir o crescimento sustentável do País nos próximos anos. “A economia brasileira, se guiada com prudência, pode não apenas resistir às turbulências, mas também emergir mais forte”, apontou o ex-ministro.

Desafios globais e o impacto sobre o Brasil

A guerra na Ucrânia e as tensões no Oriente Médio pressionam o sistema econômico mundial, com riscos de um conflito global. Além disso, uma possível invasão de Taiwan pela China geraria sérias consequências para a economia do planeta, prejudicando ainda mais as já fragilizadas redes de suprimentos. Em resposta, observam-se movimentos de reshoring (retorno de produção para os países de origem), nearshoring (relocação de produção para locais mais próximos) e friendshoring (produção em países parceiros) — que, se mal conduzidos, podem afetar os níveis de produtividade e crescimento econômico mundiais.

Nesse contexto de realocação das cadeias globais de valor, o Brasil também sentirá os impactos, e caso não avance na agenda de reforças estruturais que permitam a sua entrada nessas cadeias, ficará para trás.

Estagnação da produtividade e rigidez fiscal

Internamente, a produtividade nacional segue praticamente estagnada há quatro décadas. O governo, de acordo com a análise apresentada por Nóbrega, parece acreditar erroneamente que o crescimento econômico pode ser impulsionado por meio do aumento do gasto público e da expansão do consumo. “No entanto, sem reformas estruturais, e a redução da rigidez orçamentária, a economia brasileira pode entrar em um ciclo de estagnação”, ponderou o economista.

Segundo a análise de Nóbrega para 2024, seis itens (Previdência, pessoal, educação, saúde, gastos sociais e investimentos) representarão 96% das despesas primárias da União. Sem reformas e mais flexibilidade na alocação de recursos, a dívida pública poderá chegar a 85% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2027, um patamar muito acima da média dos países emergentes, que é de 57%.

A situação fiscal delicada coloca o País à beira de uma crise de dívida pública, que poderá desencadear uma crise financeira, de acordo com a análise do ex-ministro. Com a possibilidade de “dominância fiscal”, em que as políticas monetária e fiscal entram em choque, o Brasil corre o risco de enfrentar um “momento Minsky”, quando uma crise financeira se torna inevitável em razão do acúmulo de fragilidades econômicas. Nesse contexto, Nóbrega ponderou que a má condução da política fiscal pode agravar ainda mais a percepção de instabilidade.

“A necessidade de reformas, portanto, é imperativa. A Tributária, embora complexa e com alíquotas não compatíveis com a situação nacional, surge como uma solução viável para melhorar a produtividade e a competitividade do Brasil no cenário global”, afirmou.

Resiliência e potencial nacional

Nóbrega acredita que o País conta com um setor empresarial resiliente, especialmente no agronegócio e na mineração, que continuam a competir mundialmente. “O sistema financeiro sólido, bem capitalizado e com contas externas saudáveis posiciona a Nação como um credor internacional líquido, o que o diferencia de muitas economias emergentes”, ressaltou o economista.

Além disso, ele enxerga ainda um potencial para superação. “Crises anteriores, como as de 1964, 1994 e 2016, propiciaram momentos de reformas e ajustes estruturais que trouxeram estabilidade a longo prazo. A atual crise pode ser mais um desses momentos — dependendo, contudo, de uma liderança política eficaz para implementar as mudanças necessárias”, concluiu.

Frentes prioritárias e defendidas pela FecomercioSP

As reformas Administrativa e Tributária, bem como a modernização do Estado, são bandeiras importantes na agenda da Entidade para um Brasil mais produtivo e eficiente. Acesse os links indicados acima e acompanhe todas as iniciativas e mobilizações promovidas nesse rumo. 

Inscreva-se para receber a newsletter e conteúdos relacionados

* Veja como nós tratamos os seus dados pessoais em nosso Aviso Externo de Privacidade.
Fechar (X)