Negócios
30/08/2016Transformar o negócio em franquia é alternativa para expandir, mas requer cuidados
Com a crise, empresários buscam no modelo de franqueadora repor a perda de receita, mas devem prestar atenção em alguns fatores para que a mudança renda bons frutos
Para o franqueador, a vantagem é conseguir crescer e se expandir contando com o investimento de terceiros, os franqueados
(Arte/TUTU)
Por Jamille Niero
A quantidade de empresas que utilizam o modelo de franquia para expandir seus negócios – as chamadas franqueadoras – aumentou no último ano. O número de marcas passou de 2.942 em 2014 para 3.073 em 2015, segundo os dados mais recentes da Associação Brasileira de Franchising (ABF).
Um dos motivos que explica esse avanço é ser uma alternativa encontrada por empresários para recompor a perda de receita em momentos de instabilidade econômica e política. “É um processo que está acontecendo com bastante intensidade”, relata Rodrigo Morgan, sócio da Loja de Franquia, assessoria especializada em franchising. Ele notou crescimento de 20% nas consultas de interessados na formatação de seus negócios para o sistema de franquias. A alta foi sentida no primeiro semestre do ano em comparação com o mesmo período de 2015.
A franquia é um sistema de distribuição. Para o franqueador, a vantagem é conseguir crescer e se expandir contando com o investimento de terceiros – os franqueados, explica Morgan. Mas antes de o empresário optar por adotar esse modelo, ele precisa analisar alguns fatores e planejar passo a passo.
A assessoria técnica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) destaca 12 pontos essenciais (veja no infográfico abaixo) que devem ser levados em conta ao considerar a opção de transformar a marca em franqueadora.
Experiência positiva
Um exemplo de companhia que adotou o modelo é o Grupo Afeet, que reúne as marcas Authentic Feet, Artwalk, Magic Feet e Tennis Express, especializadas na venda de tênis. A primeira delas, a Authentic Feet, foi fundada em 1995 e começou a operar com franquias em 2004, após a entrada de um novo sócio. Na época, eram 14 lojas próprias. Hoje o grupo já soma 191 (considerando todas as marcas) e pretende dobrar esse número em cinco anos – sendo 40 novas até o final de 2017.
“As franquias foram importantes para a expansão, pois esse modelo permite distribuir o escopo de trabalho. Enquanto a franqueadora trabalha focada na estratégia, nos processos, padrões e ferramentas de gestão, o franqueado cuida mais do dia a dia, do operacional”, alega Rodrigo Faria, gerente responsável pela expansão do grupo.
Faria comenta que o sistema tem pontos positivos e negativos. Entre os primeiros, além da possibilidade de olhar a estratégia com mais cuidado, há também a maior disponibilidade de capital, por conta da parceria com os franqueados, que entram com o investimento. Porém, existe também a questão de entender o perfil de franqueado mais adequado ao negócio. Ele conta que no início a companhia permitia que um só franqueado operasse com várias marcas do grupo, mas isso gerou um problema para o parceiro entender o diferencial de cada uma. Com isso, ele não conseguia passar para o consumidor a melhor experiência de compra e gerava impacto negativo no resultado. “Mudamos essa regra e hoje não permitimos começar com várias bandeiras, pode no máximo ter duas, até compreender bem cada uma”, alega Faria.
A tática tem dado certo. De acordo com ele, as vendas cresceram 4% no primeiro semestre de 2016 em relação aos seis últimos meses do ano anterior. “Parece pouco, mas é um resultado bom frente a muitos concorrentes que fecharam as portas”, diz, reforçando que o segmento de calçados foi um dos que mais sentiu a crise. De fato, segundo os dados mais recentes da FecomercioSP, o faturamento do varejo paulista somou R$ 46,1 bilhões em maio, o menor resultado para o mês nesta década. A queda de 4,5% na comparação com 2015 foi puxada principalmente pelo segmento de lojas de vestuário, tecidos e calçados, que viram o faturamento cair 15,8%.
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