Negócios
27/05/2022Economia criativa precisa de apoio estatal e ambiente de negócios funcional para prosperar
John Howkins, autor de obra basilar sobre o tema, aponta o que o setor precisa para crescer no Brasil
"O sistema tributário deve ser capaz de lidar com negócios criativos", afirma John Howkins
(Arte/Tutu)
Para prosperar no Brasil a exemplo de outros países, a economia criativa – setor composto, dentre outras atividades, por produções de arte, cultura, mídia e design –, precisa de apoio do Estado e de um ambiente de negócios que facilite a abertura e a manutenção de empresas cuja matéria-prima de seus bens e serviços é a criatividade humana.
Isso é o que diz John Howkins, consultor e autor do livro Economia criativa, obra de referência no assunto.
Em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP, Howkins aponta que, no Reino Unido, o setor se consolidou, de fato, durante o governo de Tony Blair (1997-2007), em razão do apoio político demonstrado pelo primeiro-ministro de forma, até então, inédita na história britânica.
Confira mais entrevistas do UM BRASIL
Desenvolvimento tecnológico prolifera quando universidades se aproximam do setor privado
Mais do que vendas, mundo digital permite que empresas criem laços com consumidores
Países em desenvolvimento serão os primeiros a ter empregos destruídos pela inteligência artificial
O especialista, inclusive, diz que o Brasil já teve ministros da Cultura empenhados em ajudar o ramo criativo. No entanto, os presidentes da República nunca trataram a indústria inventiva como prioridade.
“É preciso que o setor seja apoiado não apenas em nível ministerial, mas também em nível de chefe de Estado – e, de repente, as barreiras caem”, assegura o especialista.
“Repito: o que aconteceu aqui foi obra de Tony Blair. Ele não disse à indústria do cinema que ela era criativa e maravilhosa. Ele disse aos ministros de Educação, Comércio, Finanças e Política Exterior: ‘Pessoal, isso está acontecendo, e vocês não estão prestando atenção’. Foi esta liderança dentro do governo que fez a diferença”, explica.
Além disso, Howkins destaca que, sem um ambiente de negócios funcional, dificilmente as atividades criativas prosperarão como poderiam.
“Vocês precisam estruturar os ambientes empresarial e financeiro. Então, tem de ser fácil montar uma empresa, e o sistema tributário deve ser capaz de lidar com negócios que estabeleçam serviços empresariais criativos”, pontua.
Neste sentido, o escritor aponta o mercado acionário como aliado da economia criativa, de modo que as empresas possam se financiar por meio da venda de ações, evitando se endividar.
“Se sobrecarregarmos as startups com dívidas e a primeira não funcionar, os fundadores estarão acabados e nunca poderão voltar ao mercado”, salienta.
Ademais, para que o setor se firme, Howkins indica que o Estado precisa estar ao lado dos produtores nacionais.
“Seja na arquitetura, no design, no que for, ele [governo] precisa comissionar os talentos locais. Isso, nos últimos 25 anos, começando na Europa e passando por muitas experiências na América, tornou-se um caminho característico para o avanço da economia criativa”, ressalta. “As ferramentas estão aí. Sei que tem gente no Brasil que as conhece. Contudo, o que falta é a vontade do chefe de Estado para fazer estas mudanças acontecerem. Só então haverá uma mudança considerável”, conclui.
Assista à entrevista na íntegra e se inscreva no Canal UM BRASIL no YouTube.
Ao mencionar esta notícia, por favor referencie a mesma através desse link:
www.fecomercio.com.br/um-brasil/materias/economia-criativa-precisa-de-apoio-estatal-e-ambiente-de-negocios-funcional-para-prosperar
Notícias relacionadas
-
Empreendedorismo
Loja do Futuro apresenta a evolução do varejo na FE24
Último dia para visitar o grande evento de negócios e conferir as tendências dos comércios físicos e digitais
-
Varejo
Varejo paulista deve criar 30 mil vagas de emprego no último trimestre do ano
EmpreendedorismoCenário econômico deixa Black Friday mais atrativa
EmpreendedorismoPequenas empresas, grandes impactos: startups ganham espaço
Recomendadas para você
-
Turismo
IA deixa de ser opção e se torna essencial para a competitividade no Turismo
Especialista explica como a tecnologia pode promover negócios e transformar o mercado
-
Empreendedorismo
Veja resultados preliminares sobre empreendedorismo feminino
Em encontro na FecomercioSP, empresárias e pesquisadoras da entidade compartilharam experiências
-
Turismo
Nova Lei Geral do Turismo fortalece a atuação do setor
Desburocratização de procedimentos, redução da judicialização e mais são alguns dos marcos positivos
-
Atacado
Fusões e aquisições: quais são as perspectivas no Atacado?
Especialistas analisam as oportunidades e tendências que estão moldando o futuro das transações no setor