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Economia

Países em desenvolvimento serão os primeiros a ter empregos destruídos pela inteligência artificial

Ronaldo Lemos, cientista-chefe do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, diz que Brasil precisa de plano de resposta à automação

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Países em desenvolvimento serão os primeiros a ter empregos destruídos pela inteligência artificial

“O trabalho cognitivo também está sendo substituído por máquinas”, alerta Ronaldo Lemos
(Divulgação)

O medo de que a Inteligência Artificial (IA) se desenvolva ao ponto de tornar obsoletas diversas atividades atualmente exercidas por humanos, incluindo as intelectuais e cognitivas, deveria servir de alerta para que países emergentes investissem em capacitação profissional e criassem planos nacionais de resposta à automação, especialmente porque “os primeiros empregos que vão acabar são em países em desenvolvimento, como o Brasil”, indica o cientista-chefe do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio), Ronaldo Lemos.

Confira o calendário aqui.

“A inteligência artificial não vai eliminar, primeiro, os empregos nos Estados Unidos ou na Europa. Vai eliminar, primeiro, os empregos daqui da América Latina. Nós seremos os primeiros a perdê-los e enxergamos isso, por exemplo, no processo de desindustrialização pelo qual o País está passando”, afirma Lemos, em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP.

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Também professor de Direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Lemos ressalta que, além de perder capacidade produtiva, citando o fechamento de parques fabris de montadoras como exemplo, o Brasil também está “abrindo mão da infraestrutura informacional”.

“Os efeitos disso são muito graves, porque faz com que possamos, no futuro, ser equiparados a uma colônia, no sentido de que o País tem uma população muito grande, então, manda para fora dados, que são a matéria-prima do mundo em que vivemos hoje, e esses dados são processados e geram valor, serviços e produtos – e compramos esses produtos”, explica.

Além disso, Lemos ressalta que, contrariando quem acreditava que a IA somente replicaria atividades manufatureiras, “o trabalho cognitivo também está sendo substituído por máquinas”.

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Este problema, contudo, não tem o mesmo impacto em todos os lugares do mundo. Os países ricos, segundo ele, já têm planos de resposta à automação, os quais envolvem reformas educacionais, programas de ensino de novas habilidades profissionais e rede de bem-estar social para trabalhadores em transição de carreira.

“No Brasil, onde temos um déficit educacional gigantesco, não existe um plano nacional de inteligência artificial. Então, acho que o impacto aqui chega primeiro, muito mais profundo e mais difícil de lidar”, reitera.

Para reverter este possível cenário, o primeiro passo depende da implementação da tecnologia 5G. “Na minha visão, o 5G está atrasado, já deveríamos tê-lo. Mais do que isso, se atrasar ainda mais, as aplicações de 5G vão ser desenvolvidas em outros países. Assim, quando o Brasil finalmente tiver, o papel que vai nos caber será o de consumidor desta tecnologia, e não de produtor. Eu gostaria de ver o contrário”, destaca.

Assista a entrevista na íntegra e se inscreva no canal UM BRASIL.

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