Economia
27/01/2017“Aumentar produtividade é única maneira de alcançar países desenvolvidos”, diz José Scheinkman
Política industrial adotada no Brasil foi repetitiva e não deu certo, afirma professor da Universidade de Columbia
Scheinkman diz que agricultura brasileira teve ganhos de produtividade que deveriam ser seguidos por outros setores
(Foto/TUTU)
A atual crise econômica que atinge o Brasil se deve principalmente à questão fiscal. No entanto, a baixa produtividade é um agravante, além de ser um problema de longo prazo que o País ainda não resolveu. Essa é a opinião de José Alexandre Scheinkman, professor de Economia da Universidade de Columbia e professor emérito da Universidade de Princeton.
“Ninguém pode ser contra a responsabilidade fiscal”, diz Gustavo Franco
“Desafio atual é proteger os ganhos da globalização”, diz Daniel Gómez Gaviria
Sociedade brasileira escolheu ter carga tributária alta, diz professor Samuel Pessôa
Em entrevista ao UM BRASIL, em parceria com a Columbia Global Centers | Rio de Janeiro, braço da Universidade de Columbia, Scheinkman diz que os países que mais cresceram nas últimas décadas são aqueles que tiveram ganhos de produtividade acima dos Estados Unidos.
“Se você olhar desde o começo da década de 1980, você nota os países que são sucessos em crescimento, as Coreias, Taiwan, Singapura, China, Índia hoje em dia. O que eles fizeram? A produtividade total de fatores está crescendo mais rapidamente do que a americana. E isso é lógico. A única maneira que você vai alcançar os países mais avançados é você melhorar a sua produtividade mais rapidamente do que eles estão aumentando também”, diz o professor de Economia.
De acordo com ele, o Brasil segue na contramão, por isso não conseguiu se desenvolver no mesmo ritmo que a Coreia do Sul, por exemplo.
“Nossa produtividade cresceu menos do que a americana. Se tomarmos os Estados Unidos como padrão, nós fazemos ainda menos do que fazíamos antes com os mesmos insumos”, afirma Scheinkman.
O professor da Universidade de Columbia diz que, diferentemente da indústria, a agricultura brasileira teve ganhos de produtividade intensos. Contudo, a política adotada pelo Estado brasileiro para proteger o setor industrial não foi a mesma do ramo agrícola.
“As pessoas no Brasil esquecem das lições. A política industrial tentada no governo Dilma foi uma cópia da tentada pelos militares, e não tinha funcionado aquela vez também.”
Para Scheinkman, o limite para os gastos públicos deve fazer gestores públicos e parlamentares repensarem o modo como conduzem a economia do País. Ele também espera que o governo adote uma postura diferente e que isso influencie o comportamento dos empresários.
“É o Estado que tem que dizer para o empresário que não tem mais dinheiro no BNDES, porque, se você der o dinheiro do BNDES, o empresário vai querer. Gostaria que o Estado dissesse: ‘Não tem mais esse tipo de subsídio no BNDES. Se você quiser dinheiro do BNDES, vai ter que pagar as taxas normais ou demonstrar que o seu retorno social é maior do que o seu retorno privado’.”
A entrevista integra a série que discute estratégias para o crescimento e o papel do Estado na economia, gravada em São Paulo e no Rio de Janeiro, em dezembro de 2016.
Confira abaixo na íntegra:
Ao mencionar esta notícia, por favor referencie a mesma através desse link:
www.fecomercio.com.br/um-brasil/materias/aumentar-produtividade-e-unica-maneira-de-alcancar-paises-desenvolvidos-diz-jose-scheinkman
Notícias relacionadas
-
Pesquisas
Endividamento em São Paulo cai pelo segundo mês seguido, mas um terço da renda segue comprometida
Inadimplência também ficou no mesmo patamar de janeiro, atingido duas em cada dez famílias; intenção de consumo sobe 14% em um ano
-
Pesquisas
Transportes sobem quase 5% em 12 meses, mas custo de vida na RMSP desacelera
Políticas públicasEmpresas deixam de faturar bilhões por causa da violência
PesquisasDívidas comprometem mais a renda dos paulistanos
Recomendadas para você
-
Brasil
Modernização do Brasil é tema central de live
Especialista em gestão pública e empresário debatem caminhos para a agenda de reformas do Estado no primeiro Café Sem Filtro do ano
-
Inteligência Artificial
O futuro do trabalho com a Inteligência Artificial
Qualidade da educação é fator primordial na preparação para mudanças
-
Pesquisas
Em 2023, Comércio paulista registra queda de 35% na geração de empregos celetistas
Nos Serviços, recuo foi de 26,7% em comparação a 2022
-
Pesquisas
Custo de vida avança na RMSP influenciado pelos preços de alimentos e transportes
Cálculo da FecomercioSP aponta que produtos e serviços ficaram 0,48% mais caros em dezembro