Negócios
22/12/2016“Mundo globalizado foi atacado aos poucos”, diz Marcos Troyjo
Diplomata e diretor do BRICLab da Universidade de Columbia comenta a crise da globalização no mundo e as relações internacionais brasileiras

Para Marcos Troyjo, desempenho econômico fraco pode reverter o processo de desglobalização no mundo
(Foto/TUTU)
As recentes crises econômicas e a ascensão do terrorismo no mundo sustentam o processo de desglobalização que tem ganhado força em nações desenvolvidas como os Estados Unidos e o Reino Unido. Embora pareça recente, essa postura começou a surgir ainda na década passada, a partir dos ataques terroristas do dia 11 de setembro de 2001, segundo o diplomata, cientista social e diretor do BRICLab da Universidade de Columbia, Marcos Troyjo.
“EUA vivem uma polarização social”, diz Geraldo Zahran
“Governo Temer precisa fazer reformas para evitar a insolvência fiscal”, diz Maílson da Nóbrega
“Valor democrático na América Latina é muito fraco”, diz Pablo Valenzuela
Em entrevista ao UM BRASIL, realizada em parceria com o InfoMoney, Troyjo diz que o mundo globalizado, a favor do livre-mercado e do enfraquecimento das fronteiras, foi sendo atacado aos poucos, até culminar neste ano com a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia e a vitória de Donald Trump na eleição presidencial norte-americana, cujos temas de campanha envolviam políticas protecionistas e rompimento de acordos internacionais.
“Esse mundo começou um pouco a ser estilhaçado com o 11 de Setembro, do ponto de vista geopolítico, o que exigiu dos Estados Unidos a chamada Guerra ao Terror, e é claro uma espécie de irresponsabilidade financeira de uma série de atores nos Estados Unidos que levaram às crises gêmeas de 2008, a partir do problema dos subprimes americanos, e em 2011 a crise das dívidas soberanas sobretudo na Europa mediterrânea”, afirma o diplomata.
Com seguidas crises em alguns países da Europa, o autor do livro “Desglobalização: crônica de um mundo em mudança” diz que chefes de Estado passaram a participar de reuniões da União Europeia com postura diferente: em vez de defender uma Europa unida, o objetivo era salvar o seu próprio país da insolvência.
De acordo com Troyjo, as nações tendem a progredir quando realizam mais trocas internacionais do que quando se fecham, de modo que um desempenho insatisfatório da economia pode inverter esse aparente processo de desglobalização.
“A pergunta é quanto tempo isso vai durar. Se é uma tendência mais longa, se o cinismo ou interesse individual vão prevalecer sobre a possibilidade de integração, ou se, pelo contrário, essa busca por políticas mais nacionalistas vai levar a um subdesempenho das economias”, diz Troyjo.
Na avaliação do diplomata, os problemas do Brasil, neste momento, são mais internos do que externos. Mesmo que os Estados Unidos assumam uma postura mais fechada, o País tem outras possibilidades de comércio, como um possível acordo entre o Mercosul e a União Europeia, além de intensificar as exportações de commodities agrícolas e de minerais para as ascendentes economias do sudeste asiático.
“O cenário não é necessariamente ruim. O problema é dentro da caverna: continuamos engalfinhados numa crise política, moral e policial. E não temos estratégia. O Brasil confunde o combate à corrupção e o ajuste fiscal como elementos estratégicos. Mais do que estratégicos, eles são instrumentos fundamentais, como é a saúde para um indivíduo. O Brasil não tem estratégia e não está com boa saúde”, avalia Troyjo.
Na entrevista, o diretor do BRICLab da Universidade de Columbia também comenta as relações entre China e Estados Unidos, o futuro dos Brics, o Mercosul e as reformas estruturais da economia brasileira.
Confira abaixo na íntegra:
Ao mencionar esta notícia, por favor referencie a mesma através desse link:
www.fecomercio.com.br/um-brasil/materias/mundo-globalizado-foi-atacado-aos-poucos-diz-marcos-troyjo
Notícias relacionadas
-
Empreendedorismo
Oito dicas infalíveis para impulsionar os negócios
Veja como transformar a “Black Friday do 1º semestre” em um grande sucesso
-
Varejo
Varejo inicia o ano com alta, mas pode desacelerar a partir do segundo trimestre
TurismoTurismo bate recorde e fatura R$ 207 bilhões em 2024
TurismoRetomada da exigência de vistos do governo preocupa
Recomendadas para você
-
Serviços
Serviços se consolidaram como o principal motor econômico
Avanços em 2024 aquecem o setor; mesmo com projeções mais moderadas para este ano, FecomercioSP aponta saídas para amenizar os reflexos da conjuntura adversa
-
Empreendedorismo
Vai empreender? Escolha o modelo de negócio ideal: próprio ou franquia
Expresso MEI traz opções de empreendimentos para o futuro empresário fazer a escolha certa
-
Empreendedorismo
Confira as situações que obrigam o MEI a declarar o IRPF 2025
‘Expresso MEI’ esclarece regras que enquadram o empreendedor nos requisitos da Receita Federal
-
Internacional
Federação pleiteia medidas de abertura comercial
Ações são fundamentais para reduzir o Custo Brasil e aumentar a produtividade e a competitividade do País