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Economia

Não se conhece toda a dimensão do setor financeiro para evitar nova crise

Professor da Universidade Columbia, Takatoshi Ito alerta que instituições não bancárias carecem de regulação dos bancos centrais

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Não se conhece toda a dimensão do setor financeiro para evitar nova crise

Segundo Takatoshi Ito, países emergentes como o Brasil devem se resguardar de efeito contágio de uma eventual crise
(Foto: Christian Parente)

A maioria das crises econômicas acontece quando instituições financeiras afrouxam a percepção de risco e emprestam demais e, embora a regulação sobre o sistema bancário tenha sido enrijecida, a participação dos bancos no sistema financeiro tem diminuído. Diante disso, o economista e professor da Faculdade de Relações Públicas e Internacionais da Universidade Columbia Takatoshi Ito alerta que há atividades financeiras que não são propriamente reguladas, dificultando a previsão sobre uma eventual próxima crise e seu potencial de contágio.

“Sabemos que, agora, os bancos são uma parte menor do sistema financeiro, e que fundos de cobertura, private equity e outras instituições que se tornaram grandes e não são bancos, ou seja, não são propriamente regulados, possuem algum tipo de relação que não vemos”, comenta Ito, em entrevista ao UM BRASIL. “Os bancos podem estar bem, mas talvez não se conheça toda a dimensão de outros setores financeiros”, complementa.

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De acordo com o professor, duas situações que aumentam o risco de crise têm se materializado: ao mesmo tempo que os empréstimos estão aumentando, o Federal Reserve (FED), o banco central dos Estados Unidos, vem, há três anos, elevando a taxa de juros. Para ele, trata-se de um cenário com “evidências circunstancias que apontam vulnerabilidade e a possibilidade de uma crise”, embora seja difícil indicar quando e onde possa ocorrer.

De todo modo, Ito ressalta a necessidade de países emergentes se resguardarem do efeito contágio, que geralmente se manifesta quando há uma vazão dos fluxos de capital em direção a economias mais estabelecidas. Assim, ele recomenda que mercados emergentes tornem seus sistemas “resilientes” à saída de recursos financeiros por meio de depreciação cambial e manutenção de um volume adequado de reservas internacionais.

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“Lembre-se do que aconteceu em 2008 e 2009. Os bancos americanos e europeus deixaram os países emergentes e enviaram o dinheiro e o capital de volta para as sedes para ajudá-las. Então, esses são os canais por meio dos quais o fluxo de capital aconteceria, e isso pode ocorrer de novo se começar uma crise nos países desenvolvidos”, ressalta.

Ásia
Natural do Japão, Ito também comenta que seu país e outros da Ásia – como Coreia do Sul, Taiwan, Singapura e China – conseguiram ultrapassar nações africanas e latino-americanas em termos de crescimento econômico nas últimas décadas em função de um modelo diferenciado de industrialização.

“O consenso é de que os países do leste asiático obtiveram êxito porque enfatizaram as indústrias voltadas à exportação e promoveram a concorrência entre os exportadores e também nos mercados domésticos. Então, a comparação é entre a promoção das exportações e a substituição de importações [modelo latino-americano]. E a promoção da exportação é muito melhor”, opina.

A entrevista é resultado do evento “III Fórum: A Mudança do Papel do Estado”, uma realização UM BRASIL; Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP); Columbia Global Centers | Rio de Janeiro, braço da Universidade Columbia; Fundação Lemann; revista VOTO; e Instituto de Estudos de Política Econômica – Casa das Garças.

Confira a seguir a entrevista na íntegra:

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