Economia
06/03/2017“Três poderes são responsáveis pela insegurança jurídica no País”, diz Gustavo Loyola
Ex-presidente do Banco Central afirma que instituições criam entraves para o desenvolvimento econômico do Brasil

Gustava Loyola diz que a Constituição abre espaço para intervenções do Judiciário na economia
(Foto/TUTU)
Um dos principais entraves para o crescimento da economia brasileira é a insegurança jurídica presente no ambiente de negócios, cujos responsáveis são os três poderes que constituem a nação – Legislativo, Executivo e Judiciário. Essa é a avaliação do ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências Consultoria, Gustavo Loyola. O economista participou, nesta segunda-feira (6), do “Fórum Estadão – Equilíbrio Entre os Poderes”, evento realizado na sede da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), em parceria com o UM BRAISL, o jornal O Estado de São Paulo e a Tendências Consultoria.
Rafael Cortez e Maílson da Nóbrega debatem avanços e excessos do Poder Judiciário
“Brasil deve retomar o caminho das reformas”, diz Edmund Amann
Em entrevista ao UM BRASIL, Loyola diz que os três poderes têm sua parcela de culpa por propagar a insegurança jurídica no País e, consequentemente, atrasar o avanço da economia.
“As leis são muito ruins e mudam muito. A Constituição de 1988 é extremamente detalhista, analítica, intervencionista no campo da economia e abre espaço para interpretação do Judiciário. O Legislativo também é culpado por omissão, muitas questões não são reguladas e o Judiciário acaba ocupando esse vácuo”, diz Loyola.
“O Executivo também é um perturbador desse equilíbrio, porque promove más políticas públicas e contribui para a existência de um sistema tributário extremamente complexo e de difícil entendimento por parte do contribuinte”, completa.
De acordo com o ex-presidente do Banco Central, o que diferencia os países desenvolvidos das nações em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, é a capacidade de as instituições criarem um ambiente favorável para o crescimento econômico.
“O Brasil, nas últimas décadas, teve uma evolução institucional muito grande, mas, infelizmente, fizemos apenas metade da lição, a outra está para ser feita. O boom das commodities, esse momento muito favorável que o País teve no começo dos anos 2000, tirou totalmente o ímpeto reformista. Ao contrário, tivemos uma degradação das instituições. A crise, hoje, traz uma oportunidade de retomar o ímpeto reformista em vários aspectos”, afirma.
Loyola se diz otimista com o rumo que a economia do País tem tomado, mas ressalta que o processo de reformas deve ser contínuo, não se limitando ao atual governo.
“A história mostra que as reformas são incrementais. Acredito que é isso que vai acontecer no Brasil. Vamos ter mudanças na Previdência, na legislação trabalhista, alguma coisa na questão tributária, mas é preciso que esse processo seja continuado. Daqui a um ano e pouco vamos ter eleições. O governo atual tem muito pouco tempo, sem contar as dificuldades políticas, para implementar uma agenda de reformas abrangente”, diz o economista.
Confira, abaixo, a entrevista com o ex-presidente do Banco Central na íntegra:
Ao mencionar esta notícia, por favor referencie a mesma através desse link:
www.fecomercio.com.br/um-brasil/materias/tres-poderes-sao-responsaveis-pela-inseguranca-juridica-no-pais-diz-gustavo-loyola
Notícias relacionadas
-
Mercado
IPCA desacelera em maio e abre espaço para a manutenção da Selic
Alta de 0,26% no índice oficial de inflação foi menor que a esperada e reflete alívio nos preços de alimentos e serviços
-
Brasil
Apesar de haver espaço para manter Selic no mesmo patamar, COPOM priorizou atuação robusta sobre inflação
Inteligência ArtificialFederação exibe posicionamento quanto ao Marco Civil da IA
Modernização do EstadoModernização do Estado é necessária para melhorar a qualidade dos serviços públicos
Recomendadas para você
-
Internacional
Microempresas e MEIs aquecem importações da Ásia, com crescimento de 160% em 5 anos
Marketplaces internacionais facilitam acesso a produtos da região
-
Modernização do Estado
Reforma Administrativa é o caminho para modernizar o Estado
Priorizar a eficiência da máquina pública e a melhoria na qualidade dos serviços públicos deve ser o foco
-
Modernização do Estado
Reforma Administrativa buscar eficiência do serviço público
FecomercioSP, que elaborou parte das propostas em debate, vai participar das discussões na Câmara dos Deputados
-
Brasil
Brasil e mundo vivem uma nova era geopolítica e tecnológica
Hoje, alguns setores políticos difundem a ideia de um passado idealizado, em que tudo era bom