Sustentabilidade
15/04/2025Agenda Verde reitera compromisso da FecomercioSP em transformar sustentabilidade em iniciativas reais, tangíveis e replicáveis
Documento destila ações e mobiliza empresas em torno do desenvolvimento sustentável, com propostas viáveis para superar os desafios e consolidar o Brasil como uma liderança mundial neste debate

“Há aproximadamente 50 anos, o mundo vivia uma crise energética que causava enorme inquietação. Naquele tempo, o preço do petróleo disparou de US$ 10 para mais de US$ 100 por barril. Havia o temor de que esse aumento devastaria a economia global e de que os recursos naturais se esgotariam em poucas décadas, trazendo consigo o colapso da civilização como conhecíamos. Além do petróleo, havia grande preocupação com a escassez de outros recursos essenciais, como o cobre e diversos materiais estratégicos. Foi naquele contexto que o mundo despertou para a urgência de adotar o desenvolvimento sustentável — entendido como a capacidade de atender às necessidades do presente sem comprometer as possibilidades das gerações futuras de atenderem às suas próprias. Essa consciência internacional começou a tomar forma naquela época e ecoa até hoje, com ainda mais força. Mas saber o que fazer não basta. É preciso saber como fazer. Foi com esse espírito prático que a FecomercioSP assumiu, há mais de 15 anos, um compromisso firme com a sustentabilidade, com o propósito de transformar princípios em prática, discursos em diretrizes, e intenções em ações concretas. Não se trata apenas de discutir grandes ideias, mas de entender como os pequenos, os médios e os grandes empreendimentos podem contribuir, de forma efetiva, para um futuro mais equilibrado”, discursou José Goldemberg, presidente do Conselho de Sustentabilidade da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), na abertura de evento realizado na última quinta-feira (10).
Lançada na sede da Entidade, em São Paulo, a Agenda Verde FecomercioSP é fruto desse esforço contínuo, representando a disseminação de valores amplamente discutidos e aceitos, em um guia claro e acessível sobre o que pode e deve ser feito. Trata-se de uma ferramenta concreta para apoiar as empresas, os empresários e os profissionais dos diversos setores na implementação de práticas sustentáveis. “Mas mais do que apresentar, estamos aqui para ouvir. A Federação permanece aberta ao diálogo, às críticas construtivas e às ideias inovadoras. Reafirmo, portanto, nosso compromisso de transformar os princípios do desenvolvimento sustentável em iniciativas reais, tangíveis e replicáveis”, completou Goldemberg.
O documento reúne as perspectivas da Federação sobre os caminhos que o País deve adotar, considerando a economia, a política e a sociedade sob a ótica das potencialidades e dos limites ambientais, além de propor ações prioritárias para que o Brasil lidere a pauta em termos mundiais. “Não é de hoje que a FecomercioSP mobiliza o empresariado, cobra e auxilia o poder público quanto às questões ambientais e do desenvolvimento sustentável. O propósito da Agenda Verde me lembrou de um caso que ilustra bem como é possível conjugar produtividade e preservação ambiental. Sou de Araraquara e a geração mais antiga deve se lembrar dos impactos negativos e das questões iníquas nas relações de trabalho que envolviam o processo de produção da cana-de-açúcar e as queimadas. Os malefícios têm sido combatidos por uma série de razões, pois gera impactos negativos ao meio ambiente, à saúde e à própria cadeia produtiva. Tal cadeia passou por enormes transformações, beneficiando a sociedade da região como um todo. Nesse contexto, reforço que a sustentabilidade é um caminho para a sobrevivência e o equilíbrio. Enquanto representantes da classe empresarial, devemos e vamos agir pela transição energética e por uma economia mais circular. O setor produtivo é parte essencial da solução”, disse o presidente em exercício da Federação, Ivo Dall’Acqua Júnior.
Para Cristiane Cortez, assessora e membro do Conselho de Sustentabilidade, a Agenda Verde FecomercioSP foi uma conquista, de realmente colocar luz nas oportunidades e objetivos que têm mais relação com o que as empresas podem fazer no seu dia a dia para se tornarem mais sustentáveis. “Sua estrutura contempla seis eixos principais: promoção da economia circular e logística reversa, adoção de padrões mais eficientes de consumo de água e eletricidade, combate efetivo à poluição atmosférica, regulação do mercado de carbono, transição energética e fim do desmatamento ilegal. As ações foram pensadas considerando especialmente o que o Comércio pode implementar na prática – o mais palpável é a economia circular, porque estas práticas influenciam toda a indústria”, explicou, na ocasião. O documento da Federação estabelece também 12 ações ambientais prioritárias para o Brasil liderar a pauta climática global e avançar na implementação das metas nacionais, em alinhamento com as empresas e o governo.




















Poderes Executivo e Legislativo engajados
Representantes do Poder Público compareceram ao evento, engajando as ações e destacando a importância da mobilização de toda a sociedade nas pautas ambientais. “Não podemos mais postergar. A hora de agir é agora, com coragem, transparência e cooperação”, falou Ana Toni, secretária de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, que apontou o protagonismo e as iniciativas em colaboração dos setores privado e público no evento.
“A COP não é apenas um evento, é um processo contínuo de transformação climática. Estamos a menos de 200 dias da edição deste ano, e mais do que nunca é fundamental entender que a Conferência das Partes não se resume a duas semanas de reuniões. Ela representa um processo — que já começou — e que precisa ser construído de forma integrada, com a participação do governo, do setor privado, da sociedade civil e dos governos locais. O Brasil tem a grande oportunidade de mostrar liderança, não só com discursos, mas com planos concretos, construídos a partir de diálogo e compromisso”, reforçou Ana, que também é a CEO e diretora-executiva da Conferência do Clima da ONU deste ano.
Dentre eles, Ana ressaltou os Planos Temáticos e Setoriais de Adaptação, que estão em consulta pública, e a Estratégia Nacional de Adaptação — com mais de 1,2 mil sugestões recebidas —, que são instrumentos fundamentais nesse trabalho. “São 16 planos setoriais que abrangem desde a agricultura até as populações indígenas e afrodescendentes. Além disso, o programa Adapta Cidades já envolve mais de 600 municípios em ações locais de adaptação. Precisamos que todos os 5,57 mil municípios brasileiros estejam preparados, porque os efeitos da mudança do clima já estão aqui.”
A secretária apontou também os avanços na estruturação do mercado regulado de carbono, que o Brasil vem construindo com responsabilidade. “Queremos acelerar esse processo, com governança clara e integridade ambiental, para que nossos créditos sejam confiáveis e valorizados internacionalmente. A integração entre os mercados — com Europa, Japão, Singapura e outros parceiros — pode posicionar o Brasil como referência mundial em soluções sustentáveis, inclusive no setor de resíduos”, concluiu Ana.
O senador Laercio Oliveira (PP/SE), que foi o relator do Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten) e que atua nas principais pautas de energia para o País, também marcou presença no lançamento e citou as propostas de substituição de matrizes energéticas poluentes por fontes de energia renovável. “Todas essas iniciativas mostram que é possível, sim, caminhar unindo desenvolvimento e preservação ambiental, aproveitando as riquezas nacionais. Os debates da Agenda Verde contribuem de forma valiosíssima para que o Brasil assuma definitivamente, de forma inequívoca, o protagonismo que lhe cabe na transição energética. Eu sou um ferrenho defensor desse caminho.”
Já o deputado federal Fernando Marangoni (União/SP), que também lidera a Frente Parlamentar da Habitação e Desenvolvimento Urbano Sustentável no Congresso, destacou três pilares fundamentais para garantir a evolução da Agenda Verde. “O primeiro envolve a mudança cultural. É preciso promover a educação ambiental como uma matéria fundamental nas escolas, especialmente para as novas gerações. O segundo ponto é ter uma regulamentação eficaz para trazer segurança jurídica. Buscamos promover isso no parlamento, por meio de programas e projetos de lei como o Paten, a descarbonização, dentre outros. E o terceiro concentra os investimentos em tecnologia, nos processos circulares e no capital privado – incluindo incentivos do governo e linhas específicas de financiamento.”
Na sequência, foram realizados mais dois painéis de debates, com a participação de gestores de empresas como Assaí Atacadista, Carrefour, Leroy Merlin, Pernambucanas e Casas Bahia, que abordaram os pilares da Agenda, como transição energética, economia circular, logística reversa e, como destaque do encontro, os desafios nacionais em um ano decisivo rumo à COP30, que será realizada em Belém, no Pará, em novembro.
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