Sustentabilidade
19/08/2022Legado de marca se constrói com impactos positivos na vida das pessoas
Daniela Cachich, executiva da Ambev, diz que marcas que evitam temas socialmente importantes perdem relevância
Empresas que se esquivam de temas relevantes para a sociedade dificilmente permearão o imaginário coletivo da população. Inclusive, no que diz respeito ao fortalecimento de marca, legado se constrói por meio de ações que impactam positivamente a vida dos cidadãos.
Isso é o que diz Daniela Cachich, presidente da unidade Future Beverages and Beyond Beer, da Ambev, em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP, produzida em parceria com a Brazilian Student Association (BRASA), a maior associação de brasileiros estudantes no exterior, e a Revista Problemas Brasileiros.
Segundo a executiva, “é possível deixar um legado trabalhando com marcas”, contanto que se busque transformar o ecossistema como um todo.
“Aprendi, ao longo da minha trajetória, que podemos usar o poder e o privilégio das marcas para impactar positivamente a vida das pessoas”, destaca. “Se as marcas não falam sobre algo que é relevante para a sociedade, dificilmente elas vão ser relevantes”, acrescenta.
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Especificamente sobre como as empresas podem contribuir para tornar o Brasil mais inclusivo, Daniela chama a atenção para o fato de o País ter a maior Parada do Orgulho LGBTQIA+ do mundo. Por outro lado, é no território brasileiro onde mais ocorrem homicídios de pessoas trans em todo o planeta.
“Para mim, isso é muito urgente, porque essas são as pessoas que queremos que nos consumam. Então, até do ponto de vista de mercado potencial e de crescimento de negócio, como vou inviabilizar aqueles que quero que me consumam? Acho que este é um movimento urgente na comunicação e no posicionamento das marcas”, afirma.
Além disso, Daniela ressalta que, conforme estudos internacionais, equipes mais diversas e representativas geram mais crescimento e inovação às organizações. Ainda assim, defende que se evidenciem os resultados positivos de ambientes heterogêneos, como forma de propagar que a diversidade é o caminho para a prosperidade dos negócios.
“Quando há, na sala, só um grupo exatamente heterogêneo, em dois minutos esse grupo vai chegar a uma solução. Por quê? Porque as experiências, os estímulos e os repertórios são os mesmos”, aponta. “No momento em que existe um grupo muito mais diverso, não vai se chegar a uma resposta em cinco minutos. Vai demorar bem mais, porque haverá contrapontos. E na hora de se chegar a uma solução, esta será muito mais potente, porque tomou em consideração muitos fatores”, avalia.
O papel do executivo
Por atuar na indústria cervejeira, historicamente conhecida por objetificar a mulher em campanhas publicitárias, Daniela destaca que cabe aos líderes empresariais da atualidade questionar concepções enraizadas e desconstruir o que não faz mais sentido.
“Temos um papel, como executivos, de também provocar um pouco o status quo e refletir se o que nos trouxe até aqui é o que vai nos fazer ir mais adiante”, reflete.
Além disso, a executiva da Ambev, que também ocupou cargos de destaque na Heineken, na PepsiCo e na Unilever, afirma que é tempo de líderes participativos, e não distantes dos subordinados. Neste sentido, ela critica a busca desenfreada pelo poder.
“O poder pelo poder é muito solitário. Ele faz você olhar o mundo através do olhar dos outros, e não sob o seu olhar, e você fica em um pedestal que me incomoda”, declara.
“Uma coisa que falo sempre é: ‘Quantas vezes você foi almoçar com a sua estagiária? Quantas vezes fez rota de mercado com o promotor? Quantas vezes desceu daquele lugar de poder e foi para um lugar onde se pode usar o seu poder para transformar o que se encontra e gerar mais valor?’”, questiona a executiva.
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